Título: Ipea: futuros investimentos serão afetados pela crise
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Fonte: Jornal do Brasil, 26/09/2008, Economia, p. A18

A crise internacional deverá afetar as decisões por novos investimentos no país, avaliou ontem o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Para o coordenador da Carta de Conjuntura do órgão, Marcelo Nonnenberg, a alta volatilidade de preços e de fontes de financiamento vai prejudicar, pelo menos por algum tempo, as intenções de investidores em aplicar recursos em novos projetos no Brasil.

¿ A gente espera que as decisões por novos investimentos sejam afetadas por essa crise financeira internacional, até porque ninguém sabe a dimensão e quanto tempo isso vai durar ¿ afirmou Nonnenberg, que não vê maiores problemas em relação a investimentos já em curso ou definidos.

Sobre as fontes de financiamento, Nonnenberg destacou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pode compensar em parte o que seria obtido no exterior, mas "não pode fazer milagres"".

Apesar do quadro turbulento, Nonnenberg disse que nem a crise ou qualquer outro fator, como a política de elevação da taxa de juros, irá impactar de forma significativa o desempenho da economia brasileira em 2008. O Ipea estima que o Produto Interno Bruto (PIB) terá crescimento próximo do teto de 5,2% projetado pelo órgão no início do ano.

¿ Todas as previsões de crescimento estão sendo revistas para cima, e mantemos nosso teto de 5,2%, e acreditamos que ficará bastante próximo.

Um impacto relevante que o Ipea vislumbra para o ano que vem é sobre as exportações. Diante da "evidente desaceleração da economia internacional", conforme ressaltou Nonnenberg, da queda dos preços das commodities no mercado internacional, o desempenho da balança comercial brasileira, que vem piorando nos últimos tempos, deverá ser ainda mais afetado.

A queda das commodities beneficiam, por outro lado, o controle da inflação, que esteve bastante pressionada no primeiro semestre pela alta dos alimentos. O recente movimento de arrefecimento da inflação, estimulado pela queda dos preços das commodities, deverá se manter por mais algum tempo, segundo avaliação do Ipea. O resultado deverá ser a inflação próxima dos 6% ao fim do ano.