O globo, n.31900, 08/12/2020. País, p. 8

 

PGR prorroga forças-tarefas do Rio e do Paraná

André de Souza 

08/12/2020

 

 

A Procuradoria-Geral da República (PGR) prorrogou ontem a duração das forças-tarefas da operação Lava-Jato do Rio e de Curitiba. O prazo de vigência da equipe fluminense terminaria hoje.

As portarias assinadas pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, estabelecem que o grupo do Rio vai vigorar até 31 de janeiro do ano que vem, enquanto o de Curitiba seguirá até 1º de outubro. Ambos os prazos podem ser renovados novamente.

Em nota divulgada ontem, os procuradores do Rio afirmaram que consideram o prazo insuficiente. Também ressaltaram que vão insistir no pedido original, de prorrogação por mais um ano.

No Paraná, além da prorrogação da força-tarefa, a PGR determinou que o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), criado há quatro meses, auxilie nos trabalhos da Lava-Jato. Serão 19 procuradores atuando nos casos investigados pelo grupo: dez da força-tarefa, e nove do Gaeco. As mudanças ocorrem após Aras ter dito, em julho, que seria preciso “corrigir rumos” da operação.

No Rio, também é analisada a instituição de um Gaeco para atuar em conjunto com a força-tarefa. O grupo tem dez procuradores que auxiliam o procurador-regional da República Eduardo El Hage, coordenador da equipe. Segundo a PGR, até o fim de janeiro deverão ser sanadas “algumas incorreções de ordem burocrática”.

A PGR destacou a necessidade de adotar soluções para superar o que avalia serem fragilidades do modelo atual de força-tarefa, que tem duração limitada e depende de ato do procuradorgeral para ser prorrogada. Entre elas, está a criação de algumas estruturas permanentes, como os Gaecos. Outra opção é a criação de novos ofícios, ou seja, unidades dentro da estrutura do Ministério Público Federal, em análise no Conselho Superior do órgão.

Por fim, a PGR criou ainda um Gaeco, com seis integrantes, no âmbito do MPF no Pará. Apenas o MPF no Paraná, em Minas Gerais e na Paraíba já tinham Gaecos.

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Operação da Lava-Jato mira ex-deputado Júlio Lopes 

Chico Otávio 

Daniel Biasetto 

08/12/2020

 

 

O Ministério Público Federal (MPF), a Polícia Federal e a Receita Federal deflagaram ontem a Operação Fim do Túnel, um desdobramento das operações Tolypeutes, Ponto Final e Fatura Exposta, para investigar fatos praticados pelo ex-deputado federal e ex-secretário de Transportes do Rio Júlio Lopes (PPRJ). No total, agentes da força-tarefa da Lava-Jato cumpriram sete mandados de busca e apreensão em endereços residenciais e comerciais de Lopes e de um escritório de advocacia ligado a ele. Lopes atuou como secretário na gestão do ex-governador Sérgio Cabral. Em janeiro, ele assumirá o mandato de deputado federal por estar na suplência do deputado Pedro Paulo (DEM), que será secretário municipal de Fazenda no Rio.

A operação tem como base depoimentos de empresários a partir do acordo de leniência feito pela empreiteira Carioca Christiani-Nielsen Engenharia. Os investigados responderão pelo crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Além de telefones celulares, a PF recolheu mídias e documentos nos endereços.

O MPF sustenta que, entre 2010 e 2014, o ex-secretário de Transportes solicitou, aceitou promessa e recebeu vantagem indevida no valor de ao menos R$ 6,5 milhões paga pela  Lopes é ainda investigado por ter recebido, nos anos de 2016 e 2017, período que exercia o cargo de deputado federal, ao menos três parcelas de R$ 250 mil do empresário Miguel Iskin, alvo das operações Fatura Exposta e Ressonância da Lava Jato, para exercer influência no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO).

A defesa de Júlio Lopes afirmou se tratar de uma operação “desnecessária e abusiva”, já que o ex-secretário sempre se colocou à disposição para explicar qualquer fato, e classificou como “afirmações caluniosas” as denúncias de delatores. “A esdrúxula medida, que versa sobre fatos requentados, sequer poderia ter sido decretada pelo juízo da Sétima Vara Federal do Rio de Janeiro, por ofender a competência da Justiça Eleitoral”, concluiu.