O globo, n.31901, 09/12/2020. País, p. 6

 

Alcolumbre vai a Bolsonaro para influenciar sucessão

Julia Lindner 

Gustavo Maia 

09/12/2020

 

 

Após sinalizar contra uma eventual candidatura apoiada pelo governo ao comando do Senado, o atual presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), se reuniu ontem com o presidente Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto, numa tentativa de aumentar a influência na escolha do sucessor. Ao mesmo tempo, ele trabalha para articular um bloco que faça frente ao candidato do MDB na disputa, que tem como cotados os líderes do governo Eduardo Gomes (TO) e Fernando Bezerra (PE).

Antes do encontro com Bolsonaro, Alcolumbre buscou verificar a viabilidade de nomes que possam ser apoiados por ele. Um deles é o do vice-presidente da Casa, Antonio Anastasia (PSD-MG), que ainda avalia se quer pleitear o posto. O PSD também busca legendas, como PP e DEM, para formar um bloco mais consistente.

Diante da derrota no Supremo Tribunal Federal (STF), que barrou a sua reeleição, a ideia de Alcolumbre é manter o protagonismo ao menos no processo de sucessão. Bolsonaro, por sua vez, tem discutido a mudança no comando do Senado e da Câmara com aliados. Na segunda-feira, ele esteve com o presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), e o deputado Arthur Lira (AL).

Anastasia, embora não seja considerado governista, tem proximidade com ministros, como Paulo Guedes (Economia) e Tereza Cristina (Agricultura). Além disso, é visto como alguém de perfil conciliador e nunca protagonizou embates com o Planalto. Também agrada parte da oposição e integrantes do Muda Senado, que se reunirão amanhã para discutir candidaturas.

De acordo com um parlamentar, Anastasia é atualmente o nome mais forte do PSD, que tem a segunda maior bancada, com 12 senadores. Integrantes da sigla admitem que estão articulando internamente e com outros partidos, mas de forma cautelosa.

Outros nomes do PSD postos como possíveis candidatos pela legenda são Otto Alencar (BA), da oposição, e Nelsinho Trad (PSD), aliado de Bolsonaro.

Ao GLOBO, Alencar disse que o PSD tem como prioridade uma candidatura própria, mas, independentemente do que aconteça, a bancada permanecerá unida. Ele defendeu a tradição de atual presidente coordenar sua sucessão:

— Alcolumbre pode convidar partidos, do governo ou não, para ver como se pode fazer um entendimento sem confronto, sem disputa.

Por ter a maior bancada, com 13 senadores, o MD B tenta resgata rate sede que tem prioridade na disputa, como ocorria em outros anos. Além de Eduardo Gomes( TO) e Fernando Bezerra( PE ), o líder da sigla no Senado, Eduardo Braga (AM), tem se colocado como eventual candidato. Apesar de ser próximo a Bolsonaro, Braga tem defendido que não seria um candidato governista afim de atrair votos dos independentes e da oposição. A senadora Simone Tebet é outra candidata do MDB que pleiteia a vaga nos bastidores, mas corre por fora.

O senador Alvaro Dias (PR), líder do Podemos, também cogita entrar na disputa.