Título: Juros são ameaça
Autor: Samantha Lima
Fonte: Jornal do Brasil, 11/02/2005, Economia & Negócios, p. A17
Apesar do vigor demonstrado por empresários em investir na indústria e a disposição do BNDES em financiar os projetos, o que determinará o ritmo de crescimento do setor em 2005 será a movimentação da taxa básica de juros. Para analistas, os investimentos precisam de um prazo maior para produzir efeitos significativos na economia.
- A siderurgia, por exemplo, que avançou graças às exportações, já chegou no limite, e os projetos que vêm sendo apresentados hoje precisam de pelo menos dois anos para iniciar a produção - avalia o economista Alex Agostini, da GRC Visão.
Assim como a trajetória de queda nos juros, iniciada em fevereiro, teve efeitos positivos na produção industrial ao longo de 2004, a retomada do processo de alta acentuará a acomodação que o setor já registra.
- A queda dos juros se refletiu durante o ano, mas seus efeitos já estão terminando - avalia Roberto Padovani, sócio-diretor da Tendências Consultoria. - E, agora, a política de juros altos iniciada pelo Copom em setembro (que elevou os juros de 16% para 18,25% em quatro meses) vai influenciar de forma negativa a partir de abril, estendendo-se por todo o ano.
Para a reunião do Comitê de Política Monetária da próxima semana, analistas acreditam que os dados sobre a indústria em 2004 serão analisados mas não serão determinantes para a alta esperada (0,5 ponto).
- Os dados sobre indústria afetam pouco. Eles não são conclusivos. O efeito até existe, mas é pequeno. Eles estão olhando mais os indicadores correntes de núcleos e expectativas de inflação, que ainda está acima da meta de 5,1% do Banco Central - aposta Padovani.
Para a indústria, o crescimento esperado em 2005 se mantém à metade do resultado de 2004. Para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), a expansão deve ser de 4%.