O globo, n.31901, 09/12/2020. Sociedade, p. 18

 

Imperial College vê alta de taxa de transmissão da Covid-19 no Brasil

09/12/2020

 

 

A taxa média de transmissão (Rt) da Covid-19 no Brasil foi de 1,14 na última semana, segundo cálculo do Imperial College de Londres. O levantamento divulgado pela universidade britânica inclui números compilados até ontem. O índice brasileiro cresceu 0,12 em relação ao da semana passada, quando havia oscilado para baixo, e projeta um aumento expressivo de mortes nos próximos sete dias.

Embora ainda esteja mais baixo do que os números observados há duas semanas, o Rt acima de 1,0 indica que a doença avança sem controle no país. O atual índice, também chamado de R0, indica que cada 100 pessoas contaminadas infectam outras 114. A taxa de contágio é uma das principais referências para acompanhar a evolução epidêmica do Sars-CoV-2 no Brasil. Quando fica abaixo de 1, o índice indica tendência de estabilização da doença.

O Imperial College projeta que o Brasil registrará 4.620 mortes pelo novo coronavírus esta semana, um aumento de 630 óbitos em relação à última semana. Na margem de variação do Rt estimada, as perdas de vidas para a Covid-19 podem chegar a 4.970 no pior cenário.

O número supera muito a previsão para países europeus que enfrentam uma segunda onda, como a França (2.360 vítimas fatais na próxima semana) e o Reino Unido (3.130). Mas fica atrás do que se espera para a Itália (5.380). A taxa de transmissão brasileira é ainda maior que a britânica (0,98) e a francesa (0,79).

Especialistas costumam ponderar que é preciso acompanhar o Rt por um período prolongado para avaliar cenários, levando em conta o atraso nas notificações e o período de incubação do coronavírus, que chega a 14 dias. Além disso, por ser uma média nacional, a taxa de contágio não significa que a doença está avançando ou retrocedendo em todas as cidades e estados do país.

De toda maneira, o Brasil vê os casos de Covid e as mortes pela doença aumentarem há ummês. Ontem, cresceu 31%, em relação a 14 dias atrás, e teve seu maior patamar dos últimos 62 dias. O cálculo ficou em 617, o oitavo dia consecutivo de crescimento, segundo o consórcio de veículos de imprensa que reúne O GLOBO, Extra, G1, Estado de S. Paulo, UOL e Folha de S. Paulo.

Dentro da margem da universidade britânica, o Rt brasileiro pode variar de 1,09 até 1,24. O Brasil aparece à frente de outros países sul-americanos, como Argentina (0,89) e Colômbia (1,01). Os maiores índices levantados pelo Imperial College são de Eslovênia (1,39), Letônia (1,38), Coreia do Sul (1,38), Japão (1,37) e Finlândia (1,35). Esses países, no entanto, têm melhor capacidade de resposta à doença, o que reduz o total de mortes.