Título: Instituições procuram fusões e demitem para fugir da crise
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Fonte: Jornal do Brasil, 27/09/2008, Tema do Dia, p. A2
Os reflexos da turbulência financeira se espalham por várias instituições financeiras ao redor do mundo. Ontem, o banco britânico HSBC anunciou que pretende fechar 1.100 postos de trabalho em todo o mundo para enfrentar a crise. As demissões, a metade ligada às operações do HSBC no Reino Unido, vão afetar especialmente a divisão de mercados, disse Gareth Hewett, porta-voz do banco em Hong Kong.
O banco Wachovia quarto maior banco dos EUA iniciou negociações preliminares com o Citigroup sobre uma possível fusão, segundo publicou o site do jornal norte-americano The New York Times ontem. Estas negociações estão em fase inicial, no entanto, nenhum acordo deve sair delas ainda, segundo fontes. Segundo o The New York Times, se o negócio se concretizar, o Citigroup vai se associar a um dos mais importantes bancos de varejo nos EUA.
O banco JP Morgan Chase comprou as atividades do Washington Mutual (WaMu) por US$ 1,9 bilhão, depois que o governo americano determinou o fechamento da instituição de poupança e investimentos. O JP Morgan adquiriu os depósitos, bens e parte do passivo do Washington Mutual, o segundo maior banco de sua categoria nos Estados Unidos. A aquisição cria a maior instituição americana de depósitos e poupança, com mais de US$ 900 bilhões em depósitos.
Em março deste ano, o JP Morgan já havia adquirido o Bear Stearns, em uma operação auxiliada pelo Federal Reserve (Fed, o BC americano). O Bear teve de ser vendido devido às perdas e problemas causados pela crise das hipotecas "subprime" (de maior risco).
Sinal de falência
Na Europa, o susto de ontem foi causado pelo banco belgo-holandês Fortis, cujas ações caíram 21%. Não bastou o banco emitir nota afirmando que tem à disposição "uma base diversificada de fundos de mais de 300 bilhões de euros" (US$ 438 bilhões).
Para atender à demanda de recursos, os três maiores bancos centrais europeus anunciaram nova injeção de liquidez, após as maciças intervenções da semana passada.
O temor, além da solvência das instituições financeiras, é que a paralisia do mercado de crédito comece a ter impacto em outras indústrias, que dependem de empréstimos de curto prazo para manter suas operações. O BCE (Banco Central Europeu) ofereceu US$ 35 bilhões, o Banco da Inglaterra (BC britânico) prometeu US$ 30 bilhões e o BC da Suíça injetou US$ 9 bilhões.