O Estado de São Paulo, n.46341, 02/09/2020. Economia, p.B5

 

Auxílio emergencial terá mais 4 parcelas de R$ 300

Julia Lindner

Jussara Saores

02/09/2020

 

 

Anúncio da prorrogação foi feito por Bolsonaro após encontro com parlamentares; custo extra chega a R$ 90 bi

O presidente Jair Bolsonaro prorrogou por mais quatro meses o auxílio emergencial de R$ 300, o que deve gerar R$ 90 bilhões em gastos adicionais.

O presidente Jair Bolsonaro anunciou ontem a prorrogação do auxílio emergencial a informais, desempregados e beneficiários do Bolsa Família até o fim deste ano. Serão mais quatro parcelas de R$ 300 (setembro a dezembro). A medida foi antecipada pelo Estadão em sua edição do último sábado.

“O valor definido é 50% superior ao valor médio do Bolsa Família”, afirmou Bolsonaro, em referência ao benefício médio de R$ 190 do programa criado na gestão petista.

“O valor como vínhamos dizendo, R$ 600, é muito para quem paga; no caso, o Brasil. Podemos dizer que não é um valor suficiente muitas vezes para todas as necessidades. Mas basicamente atende”, completou o presidente.

O auxílio emergencial foi criado originalmente para durar três meses (tendo como base os meses de abril, maio e junho). Depois, o governo prorrogou por duas parcelas (julho e agosto) por meio de um decreto. O valor de R$ 600 foi mantido em todo esse período. Para mexer no valor, o governo vai editar uma medida provisória (MP), que tem vigência imediata.

O benefício é visto como um dos fatores que fizeram o presidente atingir o maior índice de popularidade desde o início do governo.

O pronunciamento foi feito logo após Bolsonaro oferecer um café da manhã a líderes do Congresso Nacional para acertar os últimos ajustes da prorrogação do benefício. A iniciativa de conversar com os congressistas antes de finalizar a proposta é mais um gesto de aproximação do presidente com o Legislativo. O anúncio, inclusive, foi antecipado no último fim de semana por um dos principais líderes do Centrão, o deputado Arthur Lira (PP-AL).

Entre os participantes do encontro estavam os ministros da Economia, Paulo Guedes, da Secretaria-geral, Jorge Oliveira, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, e da Casa Civil, Walter Braga Netto. Foram convidados cerca de 20 parlamentares do chamado Centrão e outros alinhados ao governo.

Medida cara. O auxílio emergencial é a medida mais cara do pacote anticrise e já demanda R$ 254,4 bilhões em recursos, considerando as cinco primeiras parcelas para mais de 67 milhões de pessoas, o equivalente a quase um terço da população brasileira.

Depois do anúncio no Palácio da Alvorada, Guedes afirmou que a extensão do auxílio emergencial por mais quatro meses deve custar cerca de R$ 90 bilhões adicionais dentro do chamado “orçamento de guerra”. “Estamos fazendo uma tentativa de aterrissagem suave do auxílio emergencial. Serão mais quase R$ 90 bilhões dentro do orçamento de guerra, é bastante”, afirmou Guedes, em audiência pública no Congresso .

O único que falou do Renda Brasil, novo programa pensado pelo governo para substituir o Bola Família e ser marca do governo social do governo Bolsonaro, foi o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). “Vamos focar em outras importantes reformas, como é a discussão do Renda Brasil, que vem após o auxílio emergencial, para que a gente possa apresentar o maior programa de solidariedade social da história do Brasil. O presidente Bolsonaro protegendo os mais pobres”, discursou.

Como o Estadão já mostrou, o anúncio do Renda Brasil ficou para um segundo momento, assim o ministro Paulo Guedes ganha s tempo para encontrar espaço para acomodar a nova despesa dentro do teto de gastos, que limita o avanço das despesas à inflação.