O Estado de São Paulo, n.46341, 02/09/2020. Economia, p.B11

 

Novas formas de produção para reciclar mais

Cleide Silva

02/09/2020

 

 

Criada há nove anos para oferecer solução completa para implementação da economia circular, a Boomera tem hoje mais de 400 clientes que a procuraram para resolver seus problemas com o lixo. Entre eles estão Nestlé, Unilever, Adidas, Mondelez, Vale e Via Varejo.

A startup atua com pesquisa e desenvolvimento para que produtos sejam desenhados de forma a facilitar o conserto e a reciclagem e com logística reversa, entre outros. A Boomera tem duas fábricas próprias, uma de resinas plásticas e outra de lonas agrícolas feitas com as resinas recicladas.

A empresa tem 120 funcionários e parcerias com mais de 200 cooperativas, envolvendo cerca de 10 mil pessoas que coletam e vendem materiais. A Boomera deve faturar este ano R$ 40 milhões e projeta atingir cerca de R$ 120 milhões em 2022. “A economia circular reduz custos, ajuda a desenvolver produtos novos sem abrir mão de rentabilidade e tem muito espaço para crescer”, afirma seu fundador, o engenheiro de materiais Guilherme Brammer.

Menos PET. Somente no ano passado, a Coca-cola deixou de colocar 1,6 bilhão de garrafas novas no mercado brasileiro ao reutilizar embalagens retornáveis usadas em seus produtos há oiot anos. Neste mês, vai iniciar a venda da água mineral Crystal em garrafas feitas 100% de PET reciclado. “Com isso, outras 400 milhões de novas embalagens vão deixar de ser produzidas em um ano”, informa Andréa Mota, diretora de comunicação corporativa e sustentabilidade da empresa.

Segundo ela, a meta é ter pelo menos 50% do portfólio da marca em garrafas de resina obtida na reciclagem até 2030. Hoje, a fatia é de 12%. Ao lado de outras empresas, como Nestlé, Ambev, Braskem e Cargill, a CocaCola participa do programa Reciclar pelo Brasil, que envolve 240 cooperativas de vários Estados e 5,5 mil catadores.

A Ford equipa os carros da marca com carpetes feitos de garrafas PET recicladas. O solvente usado no setor de pintura da fábrica de Camaçari (BA) é transformado em produto de limpeza que a montadora usa em pisos e cabines do próprio setor. “Só em 2019 a recuperação foi de 32,6 mil litros de solventes”, informa a Ford. Na fábrica de Taubaté (SP), a areia para fundição de motores volta a ser usada em moldes de peças e na fabricação de argamassa.