Título: Varig: nova lei atrairá investidor
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Fonte: Jornal do Brasil, 11/02/2005, Economia & Negócios, p. A18

Legislação leva tranqüilidade ao setor, diz executivo. Ações da aérea sobem 14,29%

A aprovação da Lei de Falências deve facilitar a reestruturação da dívida da Varig. Sancionada na Quarta-Feira de Cinzas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a nova lei permitirá que empresas em dificuldade possam renegociar suas dívidas para continuar em atividade.

Apesar da resistência de alguns setores do Planalto, Lula manteve na lei o artigo que permite que as empresas aéreas se beneficiem dos novos dispositivos e assim consigam escapar da falência.

Para a Varig, que possui um patrimônio negativo de cerca de R$ 7 bilhões, a nova Lei de Falências possibilitará a renegociação da dívida com os credores - que são empresas estatais, em sua maioria, como a Infraero e BR Distribuidora.

- A Varig é uma empresa boa, que tem bons resultados operacionais e que merece uma segunda chance - defendeu o vice-presidente comercial e de planejamento da Varig, Alberto Fajerman.

Segundo ele, a nova legislação também facilitará a entrada de novos investidores para o capital acionário da Varig.

- O investidor passa a ter segurança e tranqüilidade para entrar nesse negócio, que se chama Varig - avaliou Fajerman, que comparou a dívida da Varig com a situação do país. - A Varig é como o Brasil, que produz elevados superávits primários, mas insuficientes para pagar sua dívida passada. A Varig produz bons resultados operacionais, mas que não pagam essa dívida contraída no passado. Precisamos reestruturar essa dívida para que a Varig possa pagar os credores e ainda ter dinheiro para investir.

O possível alento com a nova legislação provocou euforia no mercado de ações ontem. Os papéis preferenciais da Varig subiram 14,29%.

A Varig deve entregar ainda neste mês para o Ministério da Defesa uma proposta de reestruturação de sua dívida. O plano - que está sendo elaborado pelo Unibanco - prevê a entrada de um novo investidor na empresa, além de renegociação das dívidas.

No fim de janeiro, após reunião com representantes da Varig e da controladora, a Fundação Ruben Berta, o vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, chegou a defender a possibilidade de estatizar a Varig para revendê-la. Na proposta, os credores da empresa passariam a ter participação acionária na aérea. No entanto, a gestão do governo na Varig, segundo Alencar, seria temporária, até um leilão a possíveis investidores estrangeiros.