Correio braziliense, n. 21015, 07/12/2020. Mundo, p. 9

 

Reino Unido se prepara para a vacinação

07/12/2020

 

 

O Reino Unido dará início à campanha de imunização contra a covid-19 amanhã. Por isso, profissionais da saúde usaram o fim de semana para se preparar para a gigante e complicada tarefa, repleta de obstáculos logísticos. O país é o mais atingido pela pandemia no continente europeu, com mais de 60 mil mortes em decorrência de infecções pelo novo coronavírus. O plano inicial é imunizar pessoas de grupos de risco, como idosos, médicos e enfermeiros. De acordo com a imprensa britânica, a rainha Elizabeth deverá receber a fórmula protetiva e exibirá o momento da vacinação, na tentativa de incentivar outras pessoas a fazer o mesmo.

De acordo com informações do Serviço Nacional de Saúde (NHS, em inglês), o sistema de saúde universal do Reino Unido, a equipe de saúde trabalhou "todo o fim de semana para preparar o lançamento do programa". A fim de garantir que nenhuma dose seja desperdiçada, funcionários participaram de uma série de treinamentos, incluindo simulações de aplicação da fórmula. A compra e a organização de materiais necessários para armazenar o imunizante também foram finalizadas.

A vacina que será utilizada pelos ingleses é desenvolvida pela empresa americana Pfizer em parceria com o grupo alemão BionTech. Ela é feita com base no RNA mensageiro do vírus e, por isso, tem como característica um armazenamento mais complexo: temperatura de -70ºC, com um tempo de validade de apenas cinco em um freezer normal.

Inicialmente, a vacina será administrada em 50 hospitais, que têm os equipamentos necessários para manter o imunizante conservado. Como segundo passo, as autoridades pretendem montar cerca de mil postos de vacinação pelo país. Aproximadamente 800 mil doses do imunizante devem estar disponíveis já nesta semana, mas o Reino Unido fez um pedido de 40 milhões de doses. Considerando que a imunização se dá em duas etapas, 20 milhões de pessoas poderão ser imunizadas, em um universo de 67 milhões de habitantes.

"Nosso objetivo é garantir que a vacina chegue às pessoas em asilos, os residentes de lá, com a maior segurança possível. Portanto, todos estão trabalhando duro com nossos colegas no NHS para garantir que isso aconteça com segurança", declarou ao jornal britânico The Guardian June Raine, diretora-executiva da Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde (MHRA, em inglês), responsável pela autorização emergencial da vacina

Sem furar fila

Os jornais The Times e Mail on Sunday informaram que a rainha Elizabeth, 94 anos, e o seu marido, príncipe Philip, 99, "fariam com que o público soubesse" quando eles recebessem a vacina contra a covid-19. O casal não deve "furar a fila". Eles vão esperar o momento da aplicação das doses em idosos que não vivem em asilos.

A expectativa é de que a imunização seja ampliada, não se limitando apenas aos hospitais, a partir do dia 14. A data foi informada pelo sistema de saúde da Inglaterra em comunicado enviado a médicos de clínicas gerais. A aprovação para o uso emergencial da vacina da Pfizer no Reino Unido foi anunciada há menos de uma semana, colocando o país entre os primeiros a adotar a medida de emergência — a Rússia deu início à imunização em massa da população no último fim de semana.

Há, porém, um receio entre autoridades britânicas de que o fato de o imunizante ainda estar em processo de testes clínicos interfira na adesão à campanha. "Eu realmente gostaria de enfatizar que os mais altos padrões de escrutínio, segurança, eficácia e qualidade foram atendidos, os padrões internacionais. E assim deve haver verdadeira confiança no rigor da nossa aprovação", frisou June Raine, ao The Guardian.