O globo, n.31903, 11/12/2020. Sociedade, p. 16

 

Governo oficializa com a Pfizer aquisição de 70 milhões de doses

Paula Ferreira 

11/12/2020

 

 

O Ministério da Saúde assinou um memorando de entendimento com a Pfizer para aquisição de 70 milhões de doses da vacina contra Covid-19. O documento, acertado na última quarta-feira, é uma fase prévia à compra da vacina. O cronograma estabelece a chegada de 8,5 milhões de doses no primeiro semestre de 2021 e 61,5 milhões no segundo semestre. Ontem, o secretário executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, afirmou que a Pfizer e o Instituto Butantan estão nas “mesmas condições” em relação ao estágio de tratativas com o governo. Ele disse ainda que é “leviano” falar em data para início da vacinação no país.

— O calendário fica indefinido, (não é possível) afirmar uma data uma vez que não tenho registro, por isso foi feito memorando de entendimento com a Pfizer, como já ocorreu com o Instituto Butantan, e estamos em negociação com outros. Assim que houver o registro poderíamos adquirir a vacina mesmo que para uso emergencial. Lembrando que o uso emergencial é caráter específico — afirmou Franco, acrescentando:

—Butantan e Pfizer estão nas mesmas condições, têm memorando de entendimentos. Em havendo registro ou autorização para uso emergencial poderão ser inseridas no Plano Nacional de Imunização.

VACINA VALIDADA

Os resultados completos dos ensaios clínicos da vacina da Pfizer contra a Covid-19, desenvolvida em parceria com o laboratório alemão BioNTech, foram publicados ontem no New England Journal of Medicine (NEJM), a revista médica mais renomada dos Estados Unidos. O periódico confirmou a eficácia de 95% e, em editorial, classificou o êxito do imunizante contra o coronavírus como uma “vitória”.

A divulgação ocorreu em meio à reunião do comitê de especialistas convocados pela agência reguladora de medicamentos americana (FDA) para examinar publicamente dados da vacina, com o objetivo de recomendar ou não seu lançamento ao mercado. Os resultados foram divulgados inicialmente pela Pfizer e pela BioNTech no dia 18 de novembro por meio de uma coletiva de imprensa. É de praxe, no entanto, que a eficácia e a segurança de vacinas sejam referendadas por meio de estudos publicados e revisados por pares, o que se confirmou com a divulgação por meio da NEJM.

Também ontem, o comitê consultivo da FDA recomendou a aprovação do uso emergencial da vacina da Pfizer. Se isso ocorrer, os Estados Unidos se tornarão o quarto país a autorizar o uso do imunizante, que já foi aprovado em Reino Unido, Canadá e Bahrein. A FDA ainda precisa dar uma determinação final. A expectativa é que esse processo seja concluído e a vacinação nos EUA comece nos próximos dias.

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Instituto Butantan começa produção da CoronaVac

Ana Letícia Leão 

Dimitrius Dantas 

11/12/2020

 

 

O governador de São Paulo, João Doria, anunciou ontem o início da produção da CoronaVac no Brasil. O comunicado, feito no Instituto Butantan, que vai produzir a vacina da farmacêutica chinesa SinoVac no país, marca uma nova fase na disponibilização da vacina contra o coronavírus em meio a uma polêmica entre o governo paulista e o Ministério da Saúde.

—Foi iniciada ontem (anteontem) a produção da vacina da CoronaVac em São Paulo. É a produção brasileira do Butantan, que está produzindo com insumos que vieram da SinoVac, um momento histórico que orgulha a todos nós, brasileiros —afirmou Doria.

De acordo com o governador, a capacidade de produção diária será de até 1 milhão de doses. A fábrica funcionará todos os dias, 24 horas.

— Já autorizamos o Butantan a contratar mais 120 técnicos para reforçar a produção da vacina. Eles irão se juntar aos 245 já envolvidos na produção —ressaltou Doria.

Segundo Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, o dossiê final da CoronaVac, quando estiver pronto, será submetido à Anvisa de duas formas: no rito habitual e também com pedido de registro emergencial. O órgão vinculado ao governo de São Paulo aguarda a análise da eficácia do imunizante, que está sendo feita por um comitê internacional. A expectativa é que ela seja finalizada até o dia 15 deste mês, prazo do envio da documentação final à Anvisa.

Além disso, explicou Covas, os dados serão avaliados pela agência regulatória chinesa e, se aprovados, poderá existir uma solicitação para aplicar emergencialmente no Brasil:

— É possível que o registro na China saia muito rapidamente, antes do final deste ano. Se isso acontecer, nos remete a uma lei promulgada no início deste ano, especificamente sobre o enfrentamento da Covid. Um dos artigos permite a importação de medicamentose equipamentos desde que registrados em agências de cinco países, incluindo a China. Se isso acontecer, a Anvisa terá de se manifestar. Ela pode aceitar, ou rejeitar, mas terá prazo de72h oras. Esseéo caminho alternativo.

Doria afirmou que 11 estados brasileiros já manifestaram interesse na CoronaVac.