Título: Rússia será a que mais sentirá os efeitos
Autor: Rosa, Leda
Fonte: Jornal do Brasil, 28/09/2008, Economia, p. E3

A crise vai pegar a Rússia. "Não é que vai deixar de ser economia emergente, mas, dos Bric, será o que mais sentirá os efeitos do furacão", diz o professor Fishlow, de Columbia, que aponta a dependência em relação aos preços do petróleo ­ principal produto do país ­ como o ponto fraco russo. Mas as vulnerabilidades do país podem ser mais ampliadas. ­ Onde está a indústria russa?

Ainda por acontecer ­ questiona Ernesto Lozardo, professor da FGV-SP. Outra deficiência que compromete o bom desempenho face às exigências da crise é a corrupção no setor público. ­ O desempenho da Rússia era animador entre os Bric, mas o sistema financeiro segue sem conseguir promover a transparência ­ afirma Marco Antonio Silva, professor de Relações Internacionais da ESPM. ­ A Rússia vive das exportações do petróleo e do gás, que vai especialmente para a Alemanha. O país aposta alto no petróleo e deve perder dinheiro agora, com a desaceleração da economia, o que deprime a demanda e com as commodities em queda ­ diz Marcos Fernandes, professor de economia da FGV.

Mau desempenho

A julgar pela Bolsa russa, a con- juntura está mesmo difícil. Nos últimos dias, as operações na Russian Trading System (RTS), principal mercado acionário, foram suspensas e retomadas continuamente, pelas agudas oscilações dos papéis. O índice Micex, que tem peso maior nas commodities, também foi paralisado em várias oportunidades. O mercado só pareceu mais animado depois que o governo anunciou a injeção 13,8 milhões de euros na bolsa para tentar normalizar os negócios. Analistas concordam que é a pior crise financeira desde 1998. ­ Além das questões financeiras, o país está fragilizado politicamente.

A cena política já era ruim com os conflitos no alto escalão do governo, envolvendo especialmente o primeiro-ministro, e pioraram com a invasão da Geórgia ­ conta Frederico Turolla, professor de Economia da ESPM, que prevê forte desaceleração da economia russa, cuja média tem ficado em torno dos 7%.