Correio braziliense, n. 21018, 10/12/2020. Mundo, p. 12

 

Mais de 80 milhões de refugiados e deslocados

10/12/2020

 

 

Em meio à grave crise sanitária provocada pelo novo coronavírus, o número de refugiados e deslocados no mundo superou a marca de 80 milhões de pessoas em meados deste ano. Trata-se de um recorde, classificado como um "marco sombro" pelo chefe do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). Filippo Grandi advertiu que a situação vai piorar se "os líderes mundiais não acabarem com as guerras".

"A comunidade internacional não consegue preservar a paz", disse Grandi, em referência aos deslocamentos forçados, que dobraram na última década.

No início do ano, o número de pessoas obrigadas a abandonar suas casas por perseguições, conflitos e violações dos direitos humanos era de 79,5 milhões. Segundo os cálculos do Acnur, superou 80 milhões poucos meses depois.

O número de 79,5 milhões inclui 45,7 milhões de pessoas deslocadas em seus países, 29,6 milhões de refugiados e outras pessoas apartadas de forma obrigatória fora de seus territórios, além de 4,2 milhões de demandantes de asilo.

"Os conflitos existentes e os novos, assim como o novo coronavírus tiveram consequências dramáticas em sua vida em 2020", afirmou a agência das Nações Unidas, por meio de um comunicado. A violência na Síria, na República Democrática do Congo, Moçambique, Somália e Iêmen provocaram novos êxodos no primeiro semestre do ano.

A situação ganha contornos ainda mais graves por conta da pandemia. As medidas adotadas na maioria dos países para frear a propagação do novo coronavírus afetaram a ajuda aos refugiados.

De acordo com o monitoramento das Nações Unidas, no momento mais intenso da pandemia, em abril, 168 países fecharam de maneira total ou parcial suas fronteiras, e 90 não fizeram exceções para os solicitantes de asilo.