Valor econômico, v. 21, n. 5170, 19/01/2021. Brasil, p. A3

 

Bolsonaro insiste em tratamento precoce; SP pede uso emergencial para mais doses

Hugo Passarelli

19/01/2021

 

 

Presidente diz a apoiadores para não desistirem de tratamento precoce e volta a questionar eficácia da Coronavac
Ignorando o que dizem autoridades de saúde em todo o mundo, inclusive a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a insistir no "tratamento precoce" contra a covid-19. "Não desistam do tratamento precoce. Não desistam, tá? A vacina é para quem não pegou ainda. E essa vacina que está aí é 50% de eficácia. Ou seja, se jogar uma moedinha para cima, é 50% de eficácia. Então, está liberada a aplicação no Brasil", disse Bolsonaro a apoiadores em vídeo compartilhado pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) em seu canal no Telegram.

Um dos apoiadores perguntou ao presidente se a vacina seria obrigatória. Bolsonaro pôs em dúvida a eficiência da Coronavac, vacina que está sendo utilizada no início da imunização no Brasil e que, junto com a vacina da AstraZeneca e da Universidade de Oxford, teve uso emergencial autorizado pela Anvisa no domingo. “No que depender de mim, não será obrigatória. É uma vacina emergencial, 50% de eficácia. É algo que ninguém sabe ainda se teremos efeitos colaterais ou não."
Em São Paulo, o governador João Doria informou que, por meio do Instituto Butantan, solicitou ontem autorização à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso emergencial de novo lote de 4,8 milhões da vacina Coronavac. Ele esclareceu que a vacinação iniciada ontem dizia respeito a um lote específico de 6 milhões de doses do imuzinante e agora haverá novo pedido. “Todas as doses [6 milhões autorizadas] já foram distribuídas para o Ministério da Saúde. São Paulo ficou com a cota que lhe cabe”, disse Doria.

O presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, acrescentou que os pedidos foram quebrados em dois a pedido da Anvisa. “Pedido de uso emergencial agora valerá para todas as doses que serão produzidas no Butantan. Uma vez aprovada, a produção no Butantan será feita de acordo com essa autorização, os demais lotes não terão de ter [nova] autorização”, disse.
Segundo Dimas, o Butantan aguarda agora autorização do governo chinês para liberação de mais matéria-prima para a Coronavac. “Capacidade do Butantan é de 1 milhão de doses por dia, capacidade já foi atingida agora. Dependemos agora de matéria-prima para seguir esse processo.”