Título: Crivella abre fogo contra pesquisas
Autor: Vieira, Pedro
Fonte: Jornal do Brasil, 01/10/2008, Eleições Municipais, p. A6

Candidato diz que tem projeto de lei para obrigar a mídia a divulgar todas as sondagens

A polêmica em torno das pes- quisas eleitorais e a sua forma de divulgação ­ sob a suspeita de manipulação da opinião pública e conseqüente influência no resultado das urnas ­ esquentou ainda mais. O senador Marcelo Crivella (PRB) disse ontem que vai apresentar um projeto de lei para, segundo ele, promover a "redenção do problema".De acordo com o candidato, caso aprovada, a lei obrigaria a mídia a divulgar todas as pesquisas ­ registradas no TRE ­ a despeito de quem as encomendou. ­

Assim como todo candidato com representação na Câmara dos Deputados deve ter o mesmo espaço na mídia, as pesquisas também devem ­ reclamou Crivella, após Fernando Gabeira (PV) ter anunciado que entrará com representação contra o Ibope, por suspeita de falta de isenção nas suas pesquisas, que têm apontado Eduardo Paes (PMDB) na liderança. Crivella não apontou quais as pesquisas sob suspeita, mas defendeu uma ação preventiva. ­

Isso vai acabar com a manipulação, porque com todas as pesquisas saindo na mídia, o eleitor vai poder confrontar e saber qual instituto apurou melhor e qual tem mais precisão. A maneira é evitar que um determinado órgão, partido ou veículo encomende a pesquisa, manipule o resultado e a publique. Espero que as urnas venham esclarecer o fato.

Fim das pesquisas

Para o candidato do PSOl, Chico Alencar, "pesquisa é que nem escova de dente, cada um tem a sua". ­ A proposta do Crivella está invertida. Deveria ser o contrário: não divulgar pesquisa nenhuma 10 dias antes das eleições para não influenciar o eleitor ­ afirmou. Paulo Ramos (PDT), também defende a extinção das pesquisas. ­ Era preciso que uma lei as proibisse. Elas tiram a oportunidade de o eleitor refletir sobre propostas. Jandira Feghali (PCdoB) não crê na discussão de uma só pesquisa. ­ A margem de erro joga para cima, para baixo, achata, tira (pontos) para tentar inviabilizar candidaturas como a minha.

O cientista político Luiz Henrique Bahia diz que a medida de Crivella é "anti-democrática". ­ Aumentar a quantidade de informação que chega ao leitor é positivo, mas obrigar a imprensa a divulgar determinado material é uma imposição não democrática.

O consultor em marketing político Hayle Gadelha afirma que a iniciativa é "desnecessária", uma vez que "divulgar pesquisas é do interesse da mídia". O publicitário reforça a necessidade de um "controle de qualidade" dos institutos, mas atenta que o fato de a pesquisa ser registrada não garante a sua qualidade. ­ Isto causaria o efeito inverso, aumentando a manipulação, especialmente em cidades do interior.