Título: Lula e Chávez firmam sete acordos
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Fonte: Jornal do Brasil, 01/10/2008, Internacional, p. A21

Mandatários de Brasil, Venezuela, Equador e Bolívia discutiram propostas de integração.

Os presidentes do Brasil e da Venezuela, Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez, assinaram ontem sete acordos de cooperação bilateral, com foco em áreas energética, industrial e de transporte. Os mandatários reuniram-se em Manaus com os homólogos do Equador e da Bolívia, num encontro com o objetivo de discutir a realização de grandes projetos de integração física regional pelo território amazónico e a reativação do Banco do Sul.

Entre os novos acordos assinados por Lula e Chávez está a construção de uma planta siderúrgica com capacidade para produzir 1 milhão de toneladas de aço líquido por ano no Estado de Bolívar, na Venezuela, numa parceria entre a construtora Andrade Gutierrez e a empresa de Produção Social Siderúrgica Nacional da Venezuela. A cooperação entre estatais também será alavancada no campo petrolífero: a Petrobras e Petróleos de Venezuela (PDVSA) construirão uma petrolífera binacional (60% brasileira) que administrará a refinaria, também binacional, Abreu e Lima.

O presidente da PDVSA, Rafael Ramírez, disse que antes de um ano a empresa estará criada Os líderes implementarão também a segunda fase do programa de cooperação industrial, que prevê atividade nas áreas de produção de leite e de alimentos, complexo de saúde, financiamento de atividades de base tecnológica, e capacitação de pequenas e médias empresas. A agricultura familiar e o cultivo de soja também receberão recursos, como o fortalecimento da cooperação técnica, e as rotas aéreas entre os dois países serão incrementadas.

Lula, Chávez, o equatoriano Rafael Correa e o boliviano Evo Morales discutiram ainda a criação de um elo rodoviário e fluvial para unir os oceanos Atlântico e Pacífico, do porto equatoriano de Manta até Manaus e Belém, e um corredor amazônico que permitirá conectar La Paz, Manaus e Caracas. A rota terrestre terá 700 km de estrada, e a marítima, 3.500 km. As obras começam no ano que vem, e terminam em 2011. Os mandatários acordaram também em agilizar a aprovação formal do Banco do Sul, para investir nos desenvolvimento da região.

Caso Odebrecht

Lula afirmou acreditar num acor- do amigável entre a empresa Odebrecht e o Equador. O brasileiro declarou-se "aberto ao diálogo com Correa", já que o "Equador é um grande amigo do Brasil e nós continuaremos parceiros". Na semana passada, sob a alegação de que falhas da usina hidrelétrica San Francisco ­ construída pela Odebrecht ­ ameaça o país de colapso energético, Correa exigiu US$ 43 milhões de indenização, além de cerca de US$ 250 mil para cada dia de inatividade da usina, a título de lucros cessantes.

Correa ameaçou ainda não assumiu o compromisso com o brasileiro Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que emprestou US$ 244 milhões para financiar a construção da usina e de outras obras tocadas pela Odebrecht no país: duas de irrigação e outra usina hidrelétrica. Ao contrário de Correa, Chávez não poupou elogios ontem ao comportamento da empreiteira brasileira em território venezuelano, dizendo que há "elevado nível de confiança" nas relações com a empresa.