Título: Exportações até setembro superam US$ 150 bilhões
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Fonte: Jornal do Brasil, 02/10/2008, Economia, p. A20

Importações cresceram 52,4% e chegaram a US$ 131,212 bilhões.

As exportações brasileiras até setembro chegaram a US$ 150,868 bilhões no ano, segundo dados da balança comercial divulgados ontem. O resultado representa um crescimento de 28,7% na média diária, em relação ao verificado no mesmo período do ano passado. Na mesma comparação, as importações cresceram 52,4% e chegaram a US$ 131,212 bilhões.

A diferença entre importações e exportações geraram um superávit comercial para o Brasil de US$ 19,656 bilhões no ano. Como as importações cresceram mais que as vendas do país para o exterior, esse resultado está 36,8% abaixo do registrado no mesmo período do ano passado.

Os números da balança ainda não mostram reflexos da piora da crise na economia mundial nas últimas semanas, uma vez que muitos contratos de comércio exterior são fechados com antecedência.

No mês de setembro, as exportações somaram US$ 20,025 bilhões. Houve um aumento de 22,1% em relação ao mesmo mês em 2007 e uma queda de 3,2% em relação a agosto deste ano.

As importações cresceram 39,5% na comparação anual e caíram 5,7% em relação à média diária de agosto. Em setembro, foram importados US$ 17,263 bilhões.

O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Weber Barral afirmou que a queda na cotação do petróleo é a principal explicação para o recuo tanto de exportações quanto de importações em comparação com agosto, na média diária da corrente de comércio. O Brasil embarcou menos petróleo para o exterior, a um valor mais baixo. Com isso, as vendas da commodity foram de US$ 1,107 bilhão no mês, US$ 843 milhões a menos que em setembro do ano passado.

O superávit gerado pela diferença entre os dois resultados foi de US$ 2,762 bilhões.

Crise

Apesar de até o momento os números não terem mostrado reflexos da crise, o governo informou que estuda medidas para evitar problemas de falta de crédito externo para os exportadores brasileiros.

Barral, estima que, em 90 dias, exportadores e importadores começarão a sentir os efeitos negativos em seus negócios, caso o cenário atual de escassez de crédito e alta da cotação do dólar seja mantido.

¿ Mantida a restrição de crédito, o Brasil vai sentir em 90 dias os efeitos da crise. A reversão do câmbio cria restrição para a importação dos bens de consumo ¿ disse Barral.

Francisco Pessoa, economista da LCA Consultores, está mais otimista. Ele acredita que, aprovado o pacote de socorro aos bancos nos EUA, o crédito internacional voltará a ser oferecido. A consultoria projeta um dólar entre R$ 1,60 e R$ 1,70 no fim do ano. E espera saldo comercial de US$ 26 bilhões. A projeção oficial do governo é de US$ 25 bilhões.

O secretário Weber Barral não acredita em queda em relação ao ano passado, por causa das compras de Natal. Ele afirma que as importações de insumos e bens de capital não vão sofrer porque são contratos de longo prazo dos exportadores e investidores.