Título: Diretores de TV criticam falta de originalidade
Autor: Migliaccio, Marcelo
Fonte: Jornal do Brasil, 03/10/2008, Tema do Dia, p. A2

Dos diretores de TV, o que se ouviu foram críticas quanto ao formato e ao conteúdo dos programas eleitorais. Para eles, faltaram originalidade, espontaneidade e inovação, o que contribuiu para aumentar o desinteresse dos eleitores pelos políticos. Outros especialistas, no entanto, sequer viram um programa. Para o roteirista e diretor Doc Comparato os programas ­ tanto de candidatos majoritários quanto de proporcionais ­ são marcados pelo o que ele chamou de três Ps: ­ Pobre, poluído e pulverizado sob o ponto de vista audiovisual. Alguns destacam-se pelo tempo de exposição, mas em geral os três Ps predominam ­ explicou. ­ Eles fazem uma espécie de picadinho, com várias mensagens sem conteúdo.

Abordam diversos temas sem concretude, além do que algumas figuras são patéticas. O que acontece é o revés, o programa acaba desinformando porque as pessoas não agüentam ver e desligam a televisão. Doc destaca ainda o despreparo de alguns candidatos, que chegam a falar errado para o público. ­ Em São Gonçalo, um candidato disse que vai construir noventas casa (sic). Isso é inaceitável ­ exemplificou o diretor. Para Cláudio Gonzaga, redator do programa Zorra Total, todos os programas foram convencionais: ­ Não teve nenhum destaque. Ninguém arriscou muito. Os candidatos apareceram com os textos decorados. Faltou espontaneidade.

Como humorista, Gonzaga disse também não achou nada engraçado porque os candidatos abusaram das piadas prontas. Ele destacou ainda o número de pessoas que usou o termo "Você me conhece". ­ Me senti um desmemoriado porque não conheço ninguém ­ brincou. ­ As rimas também são péssimas. O TRE deveria baixar uma portaria proibindo os candidatos de rimar Rio com confio.

O ator e diretor José Wilker é, no entanto, representante número um daqueles que não perdem tempo vendo o horário eleitoral gratuíto: ­ Não perco um segundo pensando em política. Não vi nenhum programa eleitoral e nem vou votar ­ frisou, com tom de revolta. Desiludido, porém um pouco mais esperançoso, o ator e cineasta Domingos Oliveira também não assistiu aos programas, mas acredita em uma solução a longo prazo. ­ Temos que melhorar, aos poucos, a nossa representação. E isso só é possível com o nosso voto.