Valor econômico, v. 21, n. 5172, 21/01/2021. Política, p. A13

 

Agravamento de crise de Covid é “problema localizado”, diz Lira

Gabriel Vasconcelos

Carolina Freitas

21/01/2021

 

 

Deputado defendeu “resolver questão orçamentária para acomodar programas sociais”
Com maior bloco partidário para a disputa dos cargos de direção da Câmara dos deputados e apostando em maioria na votação para a presidência da Casa, o deputado Arthur Lira (PP-AL) investe na região sudeste para ampliar a sua base. Ele esteve ontem no Rio de Janeiro e em São Paulo, para encontros com deputados.

Ao chegar a São Paulo para jantar, Lira reuniu em um bar em Higienópolis 40 parlamentares paulistas e trinta de outros Estados. Também estavam o presidente nacional do PSD, o ex-prefeito Gilberto Kassab, e o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira, e o do Republicanos, deputado Marcos Pereira.O deputado minimizou a responsabilidade do governo federal no agravamento da crise do covid-19.
“Temos problema por enquanto localizado no Amazonas, sério, no Norte do país. Temos uma atenção especial, estamos evidando todos os esforços. É mais um problema de gestão local do que nacional”, disse. “O sistema de saúde do Amazonas tem 70% de ocupação num período normal. Então qualquer estresse ele superlota”, completou.

Sobre a escassez de insumos para produção de vacinas, contudo, ele foi um pouco mais incisivo. “Quem estiver errando terá que se consertar, terá que voltar para o eixo”.

Ele afirmou que a Câmara nada poderia fazer caso tivesse saído do recesso, como sugeriu o presidente da Casa, o seu adversário político, Rodrigo Maia (DEM-RJ). “Não teríamos o que fazer, não temos Orçamento. Não podemos fazer PLN. Só iriamos gerar mais despesa ao erário trazendo gente”.
Mais cedo, no Rio, ele afirmou que, se eleito, sua "prioridade um, dois e três" será resolver a questão orçamentária para acomodar programas sociais que atendam os mais pobres, "que nem podem fazer quarentena", ainda em fevereiro. Mas defendeu a manutenção do teto de gastos.

Aos parlamentares do Rio, Lira negou conversas sobre a volta da CPMF com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e disse que só comentará eventual aceitação de pedido de impeachment de Bolsonaro se eleito, para "não usurpar nenhum dia" do mandato de Maia. Neste ponto, não defendeu o presidente, seu principal apoiador em Brasília.

Ele ainda prometeu ajudar na formulação de novo acordo de responsabilidade fiscal junto à União, e trabalhar para reverter “distorções” nos repasses ao Estado. “Ouvimos hoje a distorção que o Rio é, a diferença entre o que recebe de volta e o que arrecada para a União. O Rio é um estado forte, que produz muito em óleo e gás, mas arrecada pouco em cima disso”, disse.

Lira disse, ainda, que trabalhará para aprovar a reforma administrativa e a PEC Emergencial - em tramitação no Senado. Em seu entendimento, os dois projetos devem ter aprovação mais célere que a reforma tributária. “Acredito que a PEC emergencial, que está no Senado, e a Reforma Administrativa vão andar mais rápido. A Reforma Administrativa já está na Câmara e só precisa ser pautada na CCJ [Comissão de Constituição e Justiça]. A tributária precisa ser melhor analisada”, afirmou.

A visita ao Rio foi marcada por uma reunião com o governador em exercício do Rio, Claudio Castro (PSC), aliado de primeira hora do presidente Jair Bolsonaro, e acompanhada por 24 dos 46 deputados do Estado. Muitos integrantes da ala bolsonarista se deixaram fotografar sem máscara, como Luiz Lima, Carlos Jordy, Hélio Lopes e Daniel Silveira, todos do PSL.
Entre eles estava a deputada Flordelis (PSD), que compareceu de tornozeleira eletrônica - ela é acusada de assassinar o marido, o pastor Anderson do Carmo, e enfrenta processo no Conselho de Ética da Câmara. Um número maior, de 28 deputados ou quase dois terços da bancada, compareceu à visita na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

A Maia Lira renovou críticas. “Quero deixar claro uma mudança de rumo na Câmara dos Deputados à partir de fevereiro. O presidente vai sempre votar, mas vai sempre escutar o colégio de líderes, ouvir a maioria, as bancadas, vai acabar a ‘política do eu faço’ e ‘nós’ vamos fazer”, disse.