Título: IBGE registra crescimento modesto da indústria
Autor: Lorenzi, Sabrina
Fonte: Jornal do Brasil, 03/10/2008, Economia, p. A21

Especialista diz que setor industrial ainda não sente aumento dos juros.

A economia brasileira começou a colher taxas mais mornas de crescimento. O ritmo chinês de algumas categorias da indústria no segundo semestre do ano passado tornam a base de comparação do setor elevada demais para grandes saltos daqui para frente. As fábricas mantiveram em agosto o nível de produção nas alturas, mas mesmo assim o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou aumento de apenas 2% em relação ao mesmo mês do ano passado. Com dois dias a menos do que julho, a produção encolheu 1,3% em comparação com o mês anterior.

Como elevar o crescimento sobre um salto de 10,5%? Foi este o percentual de aumento da produção industrial em outubro do ano passado. O ritmo asiático foi empurrado pela produção de bens de capital, que cresceu 27,8% naquele mês, conforme lembra a pesquisadora do IBGE Isabella Nunes. Os bens duráveis no mesmo período cresceram 18,2%.

¿ A base de agosto a dezembro está muito elevada e vai ser difícil crescer muito. Mas o ritmo da indústria continua crescendo e o patamar de produção é alto ¿ afirmou a pesquisadora.

Em agosto do ano passado, a indústria cresceu 6,6%, seguida de um aumento de 5,4% na comparação mensal. Depois da taxa de 10,5% em outubro, o setor aumentou a produção em 6,7% e 6,3% em novembro e dezembro, respectivamente. Isabella avalia que a indústria ainda não sentiu reflexos do aumento dos juros básicos.

Ritmo

¿ Se fosse assim, a produção de bens duráveis e de bens de capital, que primeiro sentem efeitos do crédito, já teria recuado, o que não foi o caso. Não houve reversão do crescimento em agosto, mas uma suave acomodação de estoques e efeito da base de comparação ¿ resumiu Isabella. ¿ A produção industrial cresceu 6% de janeiro a agosto.

O efeito calendário deve favorecer a produção de setembro, que conta com um dia a mais. O recuo na produção entre julho e agosto atingiu 15 dos 27 ramos pesquisados pelo IBGE. Outros produtos químicos (-5,5%), grupo que havia cumulado crescimento de 12,3% nos três meses anteriores, foi o segmento que mais empurrou o setor para baixo. Com a paralisação de Repar, da Petrobras, o segmento refino de petróleo e produção de álcool diminuiu a produção em 4,1%. As refinarias haviam crescido por quatro meses seguidos antes desta queda. A indústria de alimentos reduziu a produção pelo quarto mês consecutivo. O corte 3,1% em agosto fez o segmento acumular um recuo de 6,2% desde maio. Isabella observa que as exportações de carne e açúcar estão em queda, influenciando a média do setor. De um lado, a preferência dos usineiros por álcool reduzem a produção de açúcar. De outro, a concorrência com os produtores indianos, que têm disputado o mercado internacional com os fornecedores brasileiros.