Correio braziliense, n. 21020, 12/12/2020. Brasil, p. 5

 

Mais de 180 mil mortos no país

12/12/2020

 

 

No dia em que o Brasil atingiu a marca de 180.437 mortos, cenário que era considerado catastrófico, conforme registrou documento elaborado pela equipe do então ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, o atual chefe da pasta, Eduardo Pazuello, admitiu que a pandemia "não acabou" e "prossegue", ao contrário do que dissera, no dia anterior, o presidente Jair Bolsonaro — para a plateia, afirmou que estava no "finalzinho".

"A pandemia não acabou. Ela prossegue, vamos conviver com o coronavírus. Vamos chegar próximo a uma normalidade quando tivermos as vacinas, os antivirais que combatem efetivamente a doença", disse Pazuello, em Goiânia.

Em Um Paciente Chamado Brasil – Os Bastidores da Luta contra o Coronavírus, Mandetta relata: "Um dos cenários, elaborado pelo médico Júlio Croda, diretor do Departamento de Imunizações e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, previa 180 mil mortes caso o país não adotasse as medidas necessárias de distanciamento social e padrões rígidos de higiene e proteção", lembrou o ex-ministro, no livro que escreveu depois de ter sido demitido por contrariar Bolsonaro.

A equipe de Mandetta trabalhava ainda com mais dois cenários: o de Wanderson Oliveira, então secretário nacional de Vigilância em Saúde, que estimava "haver entre 60 mil e 80 mil óbitos"; e o do ex-secretário-executivo da pasta, João Gabardo, que calculava 30 mil mortes –– foi tachado como "otimista demais".

Desmentindo as palavras de Bolsonaro, a pandemia não dá trégua. Ontem, foram registrados 6.836.227 infectados pelo novo corona írus. (MEC e colaborou Fabio Grecchi)