Valor econômico, v. 21, n. 5173, 22/01/2021. Brasil, p. A2

 

Documento de vacina foi enviado, dizem russos; Anvisa nega

Assis Moreira

Ana Paula Machado

Hugo Passarelli

Murillo Camarotto

22/01/2021

 

 

Documentação é necessária para a autorização de pesquisa no Brasil
O Fundo Soberano da Federação da Rússia, que coordena o desenvolvimento da vacina Sputnik V, assegurou ontem que informações adicionais foram fornecidas ontem à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), na sua busca por uso emergencial no país. A agência afirma, porém, que não houve pedido de uso emergencial e não foram apresentados documentos novos para a autorização de pesquisa no Brasil em reunião feita ontem.

Segundo apurou o Valor, a reunião resultou em avanço importante nas conversas entre a agência reguladora e a União Química, parceira local dos russos, mas ainda não houve sinalização clara de quando o pedido de uso emergencial será apresentado. Um novo encontro, dessa vez entre técnicos, ficou marcado para hoje.
De acordo com a farmacêutica, a orientação da Anvisa, em ofício da semana passada, é que os documentos só fossem apresentados depois da reunião de ontem.

“As informações já foram dadas na noite passada [quarta-feira]. Temos grande demanda no Brasil e esperamos resolver qualquer questão no Brasil nas próximas duas semanas”, afirmou o CEO do Fundo, Kirill Dmitriev, em resposta ao Valor durante briefing com a imprensa internacional ontem.

Na semana passada, a Anvisa alegou que não podia fazer o exame de admissibilidade da vacina russa porque a União Química não teria entregue a documentação mínima necessária para o início da análise. Em seguida, o fundo russo reagiu dizendo que a demanda de informações adicionais pelo regulador “é um procedimento padrão e não significa uma recusa de registro”.

O objetivo do encontro de ontem foi acompanhar e trocar informações com o laboratório sobre o desenvolvimento da vacina. Esse tipo de encontro faz parte da estratégia que a Anvisa tem adotado com todas as empresas que pretendem ter vacinas autorizadas no Brasil. Na reunião, os representantes da União Química afirmaram que estão interessados em cumprir todas as etapas regulatórias exigidas pela Anvisa para avançar com os estudos clínicos no Brasil.
Sob pressão pela demora na aquisição de mais vacinas para o país, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse ontem que nas próximas semanas haverá uma “avalanche” de propostas chegando ao Brasil. Ponderou, contudo, que a escolha será feita com cautela, sempre considerando a segurança e a eficácia dos imunizantes.

Mais 1.335 pessoas morreram no país ontem por covid-19, com alta de 16% na média móvel semanal, segundo os consórcio dos veículos de imprensa. O número de novos casos foi de 59,9 mil.