Título: Bagdá se prepara para a violência
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Fonte: Jornal do Brasil, 26/01/2005, Internacional, p. A8

Ministério da Saúde iraquiano lança plano de emergência para cuidar dos feridos no dia da eleição BAGDÁ - A eleição no Iraque é só no domingo mas os ataques contra os centros de votação já começaram. Desde a noite de segunda-feira, homens armados atacaram dez colégios eleitorais na província de Salahedin, a Norte de Bagdá. A ofensiva foi reivindicada pelo grupo do islamita Abu Mussab al Zarqawi, que declarou guerra ao pleito e aos favoritos xiitas. Os atentados, com obuses e foguetes, danificaram os locais de votação - muitos dos quais escolas - mas não deixaram vítimas. Panfletos distribuídos em Samarra e Tikrit dizem que os ataques foram encomendados pelo grupo de Zarqawi, a Organização da Al-Qaeda no país de Rafidain (Mesopotâmia). ''Com a ajuda de Deus, atacamos os refúgios dos apóstatas que são o orgulho dos paladinos da nova democracia'', afirma o texto. Zarqawi advertiu que franco-atiradores matarão os iraquianos que se dirigirem aos colégios eleitorais a Norte de Bagdá, no próximo domingo. Em outro ataque, um posto eleitoral foi alvo de disparos de armas automáticas em Diwaniya, a 180 km ao Sul da capital iraquiana. Não à toa, os hospitais locais estão se preparando para o pior. Com a ameaça de ataques durante o pleito, um plano para lidar com um grande número de feridos foi elaborado pelas autoridades iraquianas.

- O Ministério da Saúde criou um plano de emergência para as eleições - disse o ministro Alaadin Alwan. - Todos os hospitais do Iraque, e principalmente os de Bagdá, estão preparados para emergências. Pode haver mais ataques durante a eleição, portanto temos de estar preparados. É por isso que estamos intensificando nossos procedimentos.

Os pronto-socorros solicitaram leitos extras, e um estoque de remédios, água e combustível, suficientes para 30 dias, será distribuído.

- Todos os hospitais estarão preparados para qualquer ataque terrorista, não importa se for um carro-bomba, ataque suicida ou de morteiro - afirmou Alwan.

Os plantões dos médicos foram estendidos e os poucos que não trabalharem no dia da eleição estarão de sobreaviso.

- Temos 800 ambulâncias, e todas estão em alerta. Algumas vão ficar em centros médicos e outras ficarão nas ruas, perto das seções eleitorais - disse o ministro da Saúde.

Para as autoridades iraquianas, as guerrilhas sunitas não querem apenas arruinar a eleição, mas querem também provocar uma guerra civil.

Cerca de 14 milhões de iraquianos poderão votar nas cerca de 5.700 seções eleitorais. Teme-se que grupos militantes ataquem aglomerações de eleitores.

Os organizadores do pleito afirmaram ontem que o resultado definitivo sairá 10 dias depois da votação.