Título: Cheque especial tem juros mais altos desde 2003
Autor: FolhaPress
Fonte: Jornal do Brasil, 26/01/2005, Economia, p. A19

Taxa média cobrada pelos bancos chegou a 144% ao ano em dezembro BRASÍLIA - O aperto monetário promovido pelo Banco Central no segundo semestre de 2004 fez com que a taxa de juros no cheque especial subisse para 144% ao ano em dezembro, contra 142% no mês anterior. Essa taxa é a mais alta desde dezembro de 2003, de acordo com pesquisa mensal divulgada ontem pela autoridade monetária.

Na última quarta-feira, o Comitê de Política Monetária do BC (Copom) elevou a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 0,5 ponto percentual, para 18,25% ao ano. Foi o quinto aumento consecutivo, mas a pesquisa do BC divulgada ontem ainda não reflete essa nova elevação.

A alta da Selic torna mais caro o custo de captação de recursos pelas instituições financeiras, o que acaba sendo repassado ao consumidor final.

A taxa cobrada para a aquisição de bens, excluindo financiamento de veículos, também registrou alta no mês passado, passando de 62,5% ao ano em novembro para 66,9% ao ano.

Para a aquisição de veículos, a taxa ficou estável, em 35,6%. A única modalidade para pessoa física que registrou queda em dezembro foi a de crédito pessoal, que caiu três pontos percentuais, para 70,8% ao ano.

Segundo o BC, essa queda ocorreu devido ao crescimento do crédito consignado - desconto em folha -, que é mais barato para o consumidor por embutir um risco menor de calote.

Essa redução no crédito pessoal fez com que a taxa média de juros da pessoa física caísse para 43,9% ao ano em dezembro, contra 45,6% ao ano em novembro.

Os juros cobrados de pessoas jurídicas registraram uma leve alta em dezembro, passando de 30,9% para 31% ao ano.

A taxa média, incluindo pessoa física e jurídica, ficou em 45%, contra 45,7% ao ano em novembro.

A taxa de inadimplência média caiu 0,5 ponto percentual, para 6,7%. Para pessoas físicas, o recuo foi de 1,2 ponto percentual, para 11,7%, a menor desde fevereiro de 2001. Para as empresas, a taxa de inadimplência também recuou, embora em ritmo menor, de 3,2% para 3,1%.

O spread bancário - diferença entre o custo da captação para as instituições financeiras e a taxa cobrada por elas nos empréstimos a clientes - registrou queda de 0,5 ponto percentual em dezembro, caindo para 27,3 pontos percentuais.

O spread é mais elevado nas operações destinadas a pessoas físicas e está em 43,9 pontos, 0,5 ponto percentual abaixo que o patamar médio observado pelo Banco Central em novembro. Para as pessoas jurídicas, o spread chegou em dezembro a 13,2 pontos, alta de 0,3 ponto percentual na comparação com o mês anterior.