Título: Alencar negocia saída para Vasp
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Fonte: Jornal do Brasil, 26/01/2005, Economia, p. A19

Companhia poderá operar apenas vôos fretados

BRASÍLIA e RIO - O ministro da Defesa e vice-presidente da República, José Alencar, indicou ontem que o governo busca alternativas para que a Vasp continue operando e afastou por ora a possibilidade de cassação da licença da empresa. De acordo com ele, a possibilidade de operação de vôos charter (fretados) foi levantada durante reunião em Brasília que contou com a participação do comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, do diretor do Departamento de Aviação Civil (DAC), Jorge Godinho, e do presidente da Vasp, Wagner Canhedo.

Alencar afirmou que a empresa pode operar vôos charter. Mas destacou que as normas de concessão têm de ser seguidas para as rotas regulares. No fim de semana, a empresa cancelou vôos que apresentaram taxa de ocupação inferior a 50%.

- Há um compromisso do concessionário para atender a todas as pessoas. A concessão exige o cumprimento de normas - disse.

Alencar evitou comentar sobre possíveis medidas do governo diante da prática de cancelar vôos com baixa ocupação. Desde ontem, o DAC mantém uma auditoria operacional na Vasp - o órgão também vai multar a empresa pelos cancelamentos, embora o valor ainda não tenha sido estipulado.

Segundo o ministro da Defesa, Canhedo se comprometeu a quitar débitos com a Infraero assim que receber créditos de aproximadamente R$ 29 milhões que a Vasp teria com os Correios.

A política de cancelamento, no entanto, vai continuar por pelo menos mais 15 dias. A informação foi dada por Wagner Canhedo, que negou que a Vasp esteja ameaçada de perder sua autorização para voar. O presidente da Vasp garantiu que os passageiros que solicitaram devolução do dinheiro estão sendo reembolsados.

Mas não são apenas os passageiros que enfrentam problemas. Segundo Graziella Baggio, presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, os funcionários da Vasp estão sem salários desde dezembro e a empresa descumpriu acordo para não realizar demissões.

Areowaldo Panadés, diretor da Associação dos Pilotos da Vasp (Apvasp), estima em 400 o número de demitidos desde setembro e alerta que os tripulantes encontram problemas ainda com diárias e pernoites.

- Se o DAC tivesse se pronunciado antes, a situação não teria chegado a esse ponto.

Com Rafael Rosas