Título: No Congresso, os sobrenomes se repetem por gerações
Autor: Correia, Karla
Fonte: Jornal do Brasil, 05/10/2008, Eleições Muncipais, p. A23

Para o cientista político da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Ernani Carvalho, a consolidação da presença no Parlamento é um passo tão importante para os clãs políticos quanto a eleição de descendentes em suas bases eleitorais. E o Congresso está repleto de exemplos dessa sucessão de poder dentro das famílias.

Filho do deputado da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) Jorge Picciani (PMDB), Leonardo Picciani (PMDB-RJ) está em seu segundo mandato como deputado federal e acumula relatorias em projetos de lei que fariam a glória de muitos políticos de longa estrada no Parlamento. Bacharel em Direito, Picciani analisou, por exemplo, a constitucionalidade da proposta de Reforma Tributária enviada ao Congresso neste ano. É também presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ). Tudo aos 27 anos. Quando foi eleito pela primeira vez, tinha apenas 23 anos.

A lista de herdeiros de sobrenomes consagrados no Parlamento é longa. O prestígio político do deputado e ex-senador Jáder Barbalho (PMDB-PA) foi suficiente para eleger também deputada sua ex-mulher, Elcione Barbalho. O presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) entrou no Congresso seguindo os passos do primo, o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Ambos foram tributários do prestígio de Aluizio Alves, pai de Henrique Eduardo Alves, membro do Congresso Constituinte de 1945. Na mesma geração, surgiu Antonio Carlos Magalhães, cujo estilo virou verbete nos dicionários de política: o carlismo. Seu nome se vê multiplicado no Congresso na imagem do filho, o senador Antonio Carlos Júnior (DEM-BA), que herdou sua vaga no Senado, e no neto, o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA). (K. C.)