Título: Faces expostas na turbulência internacional
Autor: Totinick, Ludmilla; Costa, Gabriel
Fonte: Jornal do Brasil, 05/10/2008, Economia, p. E4

A situação econômica americana arrastou para o debate central figuras conhecidas e influentes na política daquele país e outras nem tanto, mas que colocaram o mundo de cabeça para baixo.

A recessão econômica que afeta os Estados Unidos e o resto do mundo, como qualquer drama, tem protagonistas e coadjuvantes. Henry Paulson, secretário do Tesouro americano e um dos homens fortes da economia, foi o principal personagem na defesa do pacote de salvação aos bancos dos EUA. Também obteve posição de destaque a porta-voz do Congresso, Nancy Pelosi, além de uma série de instituições financeiras que quebraram ou foram socorridas pelo governo.

De acordo com o secretário do Tesouro, a proteção máxima ao contribuinte será a estabilidade que o programa de ajuda vai oferecer ao sistema financeiro, mesmo com o envolvimento de um investimento significativo de dólares dos americanos. Ainda assim, a saída mais barata, na opinião de Paulson.

Nancy Pelosi chegou a dizer que o governo preferiria ter gastado o dinheiro em infra-estrutura, hospitais e colégios, mas, segundo ela, era melhor ter o dinheiro sobre a mesa para restaurar a confiança nos mercados.

Tanto no Senado quanto na Câmara dos Representantes, os líderes de partido desempenharam papéis importantes nos momentos de incerteza. O líder republicano na Câmara, John Boehner, viu-se na incômoda situação de ter que extrair votos favoráveis ao pacote entre as fileiras do seu partido, na sua maioria composto de opositores do plano, ou amargar a responsabilidade sobre o temido "derretimento" da economia.

Já o líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, defendeu a harmonia entre partidos para que uma solução fosse encontrada rapidamente. A posição do senador evidencia quão a sério a crise é levada nos corredores do poder dos EUA. Ao contrário do que pode parecer, Reid nem sempre foi dono de um caráter contemporizador: em 2005, gerou polêmica ao dizer que considera o presidente Bush um "perdedor".

Dois senadores democratas profundamente envolvidos com questões financeiras, Chris Dodd e Charles Schumer, apóiam o plano de resgate a partir de pontos de vista distintos. Dodd foi agressivo ao sugerir alterações no pacote inicial, enquanto Schumer, cauteloso, defendeu que o plano fosse executado em etapas.