Título: Deputados e senadores reprovados nas urnas
Autor: Falcão, Márcio; Abade, Luciana
Fonte: Jornal do Brasil, 07/10/2008, Eleições Municipais, p. A13

Dos 95 parlamentares que disputaram, 67 perderam.

BRASÍLIA

A partir de janeiro de 2009, pelo menos 13 deputados vão deixar o gabinete em Brasília para despachar em uma prefeitura. Na eleição de domingo, dos 95 parlamentares que participaram do chamado "recall" nas urnas, 67 já foram rejeitados pelos eleitores. Outros 15 ainda esperam o segundo turno para saber se serão eleitos prefeitos ou vices.

Entre os que receberam um novo aval, 11 são da base aliada, que também sai na frente em meio aos deputados que ainda têm chance de saírem vitoriosos na disputa municipal, com 12 aliados do Palácio do Planalto no páreo contra três da oposição.

O baixo desempenho registrado pelos congressistas já era esperado. A maioria se lança na eleição de olho na próxima disputa ao Congresso. Sem chance de vitória, a idéia é retomar a atenção do eleitores com a exposição no horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão - inclusive para divulgar as ações que desenvolvem na Câmara e no Senado. Sem contar que não há risco algum em participar do pleito. Os parlamentares só têm a lucrar, uma vez que não precisam abrir mão do mandato durante a campanha e de alguns benefícios como a verba indenizatória.

Resultado zero

No Senado, nenhum dos três senadores que lançaram seus nomes na eleição tiveram fôlego. Todos alcançaram a terceira colocação. Patrícia Saboya (PDT-CE) concorria à Prefeitura de Fortaleza e Almeida Lima (PMDB-SE) à Prefeitura de Aracaju. Marcelo Crivella (PRB-RJ) pela terceira vez ficou de fora do segundo turno que vai decidir o comando do Palácio da Cidade, no Rio. Perdeu a vaga para o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), que briga, agora, com o peemedebista Eduardo Paes.

Gabeira também deixou para trás a companheira de plenário, a deputada Solange Amaral (DEM-RJ), que ocupou a quinta colocação mesmo com o apoio do atual prefeito Cesar Maia. Em todo o Estado do Rio, dez parlamentares tentaram chegar a uma prefeitura, mas além de Gabeira, só o deputado Sandro Mattos (PR-RJ) teve sucesso, foi eleito prefeito de São João do Meriti.

Os deputados de São Paulo foram os que mais buscaram chefiar um município. Ao todo, 11 se candidataram, mas apenas Reinaldo Nogueira (PDT), o novo prefeito de Indaiatuba, e Silvinho Peccioli (DEM), prefeito eleito de Santana do Parnaíba, seduziram o eleitor. O deputado Paulo Maluf (PP) registrou sua pior atuação eleitoral, com a quarta colocação. Teve menos votos do que quando foi candidato a deputado estadual. Mas nada que o desanime.

- Vida pública é vocação - afirma Maluf. - Vamos fazer uma reestruturação no partido.

O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), também não vê motivos para preocupações e não acredita que o resultado nas urnas seja um descrédito do eleitor em relação a atuação dos parlamentares.

¿ Estar no Congresso e cuidar de uma cidade são tarefas bem distintas - avalia Guerra. - O eleitor sabe diferenciar isso e as vezes busca políticos com perfis diferentes para colocar na prefeitura e para representá-lo no Parlamento.

Na última eleição municipal, em 2004, a situação dos parlamentares que sonharam em ser prefeitos não foi muito diferente. Entre os 86 deputados candidatos, 19 foram eleitos como prefeitos e vice-prefeitos ¿ sendo oito no segundo turno. Entretanto, apenas sete parlamentares foram guindados ao posto em cidades com mais de 200 mil eleitores e apenas um conseguiu se eleger para prefeitura de capital. Dos cinco senadores, apenas dois se elegeram para comandar um município.