Título: Mercado parece não conseguir achar um piso
Autor: Freitas Jr., Osmar
Fonte: Jornal do Brasil, 08/10/2008, Tema do Dia, p. A3

Não importa o que o governo e o Fed digam ou façam, o mercado parece não conseguir achar um piso". A frase de Linda Duesse, estrategista de mercado da Federated Investors, traduz bem o que foi o dia ontem nos mercados de capitais americano e europeu: as bolsas americanas despencaram, em especial o ìndice Dow Jones, de Wall Street, que, com queda de 5,11%, chegou ao nível mais baixo dos últimos cinco anos. Na Europa, a exceção foi a Bolsa de Paris, que depois de ter a maior queda de sua história na segunda-feira (9%), ontem fechou em alta 0,5%. Todas as demais fecharam em baixa. Em Frankfurt, que caiu 1,12%, rumores de que o Deutsche Bank necessitaria de um aumento de capital, mesmo desmentidos, fizeram os papeís do banco se desvalorizarem em 7,5%. Para estupefação do mercado, as ações da Volkswagen chegaram a registrar alta de 55%, despencando a seguir para fecharem em baixa 0,63%.

Socorros múltiplos

O Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, anunciou ontem uma ação coordenada com cinco outros bancos centrais (Europeu, do Canadá, Japão, Europa, Inglaterra e da Suíça) para abertura de uma linha de US$ 450 bilhões ao sistema bancário, até o fim do ano, a fim de evitar escassez na oferta de crédito. Além disso,para destravar o mercado bancário, o presidente do Fed, Ben Bernanke, depois de afirmar que a crise pode estender-se até meados de 2009, anunciou que passará a descontar commercial papers notas promissórias), usadas para financiamento do capital de giro das empresas.

Em pronunciamento ontem, o presidente George Bush disse que o governo trabalhará para ajudar os americanos que compraram imóveis financiados e que agora têm dificuldades para manter suas casas. Paralelamente, a União Européia comunicou que foi fechado acordo apara apoio a grandes grupos financeiros e assim evitar uma onda de quebras entre bancos europeus, o que poderia dar dimensões dramáticas à crise que já é considerada muito grave.

Entre as decisões tomadas pelos governos europeus está a de elevar de 20 mil para pelo menos 50 mil euros (pouco menos de US$ 70 mil) a garantia dos depósitos, para evitar uma corrida de saques pelos correntistas. Também às voltas com problemas de solvência de suas instituições financeiras, o governo da Rússia informou que injertará US$ 36 bilhões nos bancos estatais para tentar restabelecer a normalidade no mercado de crédito. na oferta de crédito. Alémdisso,para destravar o mercado bancário, o presidente do Fed, Ben Bernanke, depois de afirmar que a crise pode estender-se até meados de 2009, anunciou que passará a descontar