Título: Lula anuncia crédito de R$ 10 bi
Autor: Leandro, Eloisa
Fonte: Jornal do Brasil, 08/10/2008, Tema do Dia, p. A5

Investimentos nas áreas naval e offshore confirmam confiança na estabilidade econômica.

"Não iremos socializar a miséria, queremos socializar a bonança". Esta foi a frase de impacto do presidente Lula ao afirmar ontem que a crise internacional, desencadeada nos Estados Unidos, não afetará os investimentos em infra-estrutura do país, principalmente quanto à exploração e produção de petróleo e gás e a demanda de exportações. Durante a inauguração da primeira plataforma integralmente construída no país, a P-51, no estaleiro BrasFells, em Angra dos Reis, Lula anunciou a oferta de crédito de R$ 10 bilhões do Fundo da Marinha Mercante (FMM) para empresas que atuam na área petrolífera e de indústria naval. O investimento será aplicado na construção de plataformas, sondas de perfuração, embarcações de apoio e navios. O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, disse que 50% dos recursos serão aplicados na construção de plataformas para a exploração do pré-sal.

O presidente Lula voltou a criticar a política econômica americana, que classificou de especuladora e de "cassino imobiliário". No entanto, Lula comemorou o fato de a economia do Brasil estar equilibrada e por ter em caixa uma reserva de R$ 207 bilhões, não ter dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e da dívida interna agora ser em real. O presidente afirmou que o país não terá pacote econômico e, que muito menos, irá arcar com o abalo monetário internacional. Porém, ele não descartou a possibilidade do país sofrer um pequeno impacto com a crise, mas garantiu que as medidas necessárias já foram tomadas pelo governo. ­ Não é justo que os países pobres paguem pela irresponsabilidade dos países ricos.

Os Estados Unidos sabia o que aconteceria muito antes e brincaram com a política econômica. Pela primeira vez, o Brasil não quebra com a crise financeira internacional, ainda mais essa que foi necessário um investimento dos Estados Unidos de US$ 1 trilhão ­ diz Lula, ao citar o momento crítico que o Brasil enfrentou durante as crises econômicas do México, da Ásia e da Rússia. Em tom de ironia, Lula chegou a comparar a atual situação monetária internacional com a fábula da "formiguinha". ­ Quando queriam que gastássemos, guardámos. Tem gente que não se conforma de o Brasil está dando certo. A mágoa deles (países ricos, como EUA e os da Europa) é que o Brasil não quebrou até agora ­ brinca o presidente.

Passageiro

Quanto às recentes quedas da Bovespa, Lula afirmou ser apenas um momento passageiro, mas que o quadro será revertido em breve. ­ Ainda vamos ouvir falar muito em crise nas próximas semanas. Claro que a bolsa vai subir e vai descer, mas não será por muito tempo ­ garante. Lula reafirmou que a política de construir todo o equipamento necessário para a indústria naval e offshore será mantida. ­

O importante é que o Brasil está crescendo, que tenha muitos estaleiros e oportunidades de emprego para os brasileiros. Temos planos de muitos investimentos no pré-sal até 2014. O Brasil vai fazer plataformas para o mercado internacional ­ confia. ­ O financiamento de R$ 10 bilhões é para o crescimento desse mercado. Ninguém mais terá coragem de dizer que o trabalhador brasileiro não é capaz de construir plataformas.

Mudamos a política do governo anterior, que queria dar a P-51 e a P-52 para serem construídas no exterior. A economia que o país teria de 30% na construção de uma plataforma de US$ 1 trilhão não corresponde a 10% da alegria de criarmos empregos, renda e imposto para o Brasil.