O Estado de São Paulo, n.46359, 20/09/2020. Metrópole, p.A14

 

País entra em consórcio mundial para a vacina

Mateus Vargas

20/09/2020

 

 

Um dos compromissos do grupo da OMS é garantir fornecimento de imunização para ao menos 20% da população de cada participante

O governo Jair Bolsonaro anunciou na noite de anteontem a intenção de aderir à Covax Facility, consórcio da Organização Mundial da Saúde (OMS) para acelerar o desenvolvimento de vacina para a covid-19, além de promover o acesso equitativo às doses.

Um dos compromissos ao entrar na iniciativa é garantir o fornecimento da imunização para ao menos 20% da população de cada país. Ainda não há informações sobre quanto será investido no programa. Na quinta-feira, o governo disse que estudava "criteriosamente" a participação na Covax Facility. Em nota oficial, também afirmou que o Brasil é reconhecido mundialmente pelo Programa Nacional de Imunização.

A ideia é que a iniciativa facilite acordos bilaterais sobre vacinas. A Secretaria Especial de Comunicação Social e o Ministério das Comunicações divulgaram nota para destacar que "a aquisição de vacina segura e eficaz é prioridade" do governo.

O Brasil aposta na vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford (Reino Unido) e pela farmacêutica AstraZeneca, uma das candidatas com testes mais adiantados. A Fiocruz ganhou aporte de R$ 2 bilhões para receber, processar, distribuir e fabricar sozinha o imunizante, se tiver a eficácia e a segurança comprovadas. A ideia é que os primeiros 15 milhões de doses sejam aplicados em janeiro no Brasil, ano em que 100 milhões de unidades devem ser distribuídas.

Governos estaduais também têm negociações próprias sobre vacinas. São Paulo, por exemplo, aposta na chinesa Coronavac. Paraná e Bahia têm negociação com a Rússia para fabricar a Sputnik V.

Risco. Há uma preocupação da OMS com uma corrida das grandes potências pelo imunizante, que poderia deixar nações menores sem atendimento. Anteontem, a Comissão Europeia anunciou a assinatura de um contrato com as farmacêuticas Sanofi e GSK, que prevê a compra de até 300 milhões de doses de uma possível vacina que as duas empresas desenvolvem de forma conjunta. O acordo segue negócio semelhante firmado com a AstraZeneca.

O órgão executivo da União Europeia informou que negocia ainda com as empresas Johnson & Johnson, CureVac, Moderna e BioNTech. "Acordos com outras empresas serão concluídos em breve e construiremos um portfólio diversificado de vacinas promissoras, baseadas em diversos tipos de tecnologias, aumentando nossas chances de encontrar um imunizador eficaz contra o vírus", afirmou a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen.

Os Estados Unidos já anunciaram contratos – vários deles na casa dos bilhões de dólares – para garantir ao menos sete vacinas em desenvolvimento, entre elas as candidatas da Pfizer e BioNTech e Sanofi e GSK.