Título: Comércio cresce 9,8% em 2004
Autor: Gustavo Igreja
Fonte: Jornal do Brasil, 26/01/2005, Brasília, p. D5

Pesquisa da Fecomércio revela que esse foi o melhor resultado dos últimos oito anos, puxado pelas vendas do Natal

O comércio do DF alcançou em 2004 o maior crescimento dos últimos oito anos. Depois de uma melhora de 4,7% - já animadora - em 2003, quando as altas taxas de juros impostas pelo governo ainda assustaram os consumidores, os comerciantes locais foram surpreendidos com um desempenho positivo de 9,8% em 2004, puxado principalmente pelas vendas de Natal. É o que aponta a pesquisa conjuntural realizada elo Instituto Fecomércio de Pesquisa e Desenvolvimento (IFPD). De acordo com dados da Secretaria de Trabalho do DF, entre janeiro e novembro de 2004, foram abertos 47 mil postos de trabalho pelos setores de comércio (10,2 mil) e de serviços (36,8 mil) no DF. Foram os dois que mais contribuíram com o aumento do nível ocupacional na região. Segundo Adelmir Santana, presidente da Federação do Comércio do DF (Fecomércio), a surpresa ocorreu principalmente por conta do controle da inflação e do aumento da renda do brasiliense.

- Sabíamos que as vendas cresceriam, mas não que alcançariam um patamar tão alto. Superou qualquer expectativa, por melhor que fosse. Não lembro de um crescimento tão expressivo no comércio local nos últimos anos - comemora Santana.

Segundo o economista Raul Veloso, consultor econômico da Fecomércio, o desempenho extremamente positivo do comércio no DF acompanhou o crescimento da indústria nacional ao longo do ano, que até novembro de 2004 foi de 8,3%. Para ele, as duas principais causas da boa surpresa foram a diminuição da taxa de juros - de 26% em 2003, a Selic terminou 2004 em 17,75% - e a explosão do comércio mundial, que foi de 10% no período.

- Até por isso, não dá para esperar para 2005 um crescimento semelhante. Até agora, a previsão é de que seja um bom ano. Mas não vemos nada que possa levar o desempenho do comércio a um patamar espetacular. Não existem sinais de bomba no radar, mas a economia entra agora num período de ajuste - prevê o economista.

Em comparação com novembro de 2004, as vendas do comércio em dezembro subiram 17,6% e os negócios do setor de serviços apresentaram alta de 13,1%. Confrontado com o índice de vendas de dezembro de 2003, o volume de negócios do comércio foi de 26,8%. A modalidade de pagamento à vista foi a mais utilizada no último Natal (59,72%), contra 12,92% do cartão de crédito e 10,72% do cheque pré-datado.

- As pessoas acham que, para o comerciante, é sempre melhor vender a vista, porque o dinheiro entre na hora. Mas há também um outro lado, que é o medo da inflação pelo consumidor e o consequente abandono da compra a prazo. Isso mostra um desequilíbrio, uma desconfiança da economia pelo consumidor, que para nós não é bom - avalia o presidente da Fecomércio, Adelmir Santana.