Correio braziliense, n. 21035, 27/12/2020. Política, p. 3

 

"Ninguém me pressiona para nada"

27/12/2020

 

 

Em mais um passeio sem máscara por Brasília, presidente Bolsonaro disse respeitar o trabalho da Anvisa e voltou a falar de possíveis reações adversas dos imunizantes aplicados pelo mundo. Governo do Amazonas enfrenta protestos após medidas restritivas

Com o início da vacinação contra a covid-19 em vários países, inclusive na América Latina, e sem ainda haver uma data para que a imunização comece no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro demonstrou não estar incomodado com a situação. "Ninguém me pressiona para nada, eu não dou bola para isso", disse o chefe do Executivo. Bolsonaro circulou por cerca de duas horas em Brasília, sem usar máscara, ao final da manhã de ontem.

"Entre mim e a vacina tem uma tal de Anvisa, que eu respeito e não estão querendo respeitar", avisou o presidente, citando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Bolsonaro também mencionou a assinatura uma medida provisória (MP) que liberará, no ano que vem, R$ 20 bilhões para aquisição e distribuição do imunizante, entre outros usos.

O presidente voltou a salientar que os laboratórios não querem se responsabilizar por reações adversas que possam vir a ocorrer com as vacinas. "Não pode aplicar qualquer coisa no povo", afirmou. "Eles não se responsabilizam por qualquer efeito colateral (da vacina)", criticou, acrescentando que a falta de respaldo, pelo que soube, é válida para todas as empresas que estão comercializando o imunizante.

Bolsonaro comentou sobre as vacinas contra a covid-19 durante a visita a vários estabelecimentos comerciais de Brasília. O presidente circulou por duas horas, sempre acompanhado por seguranças. Novamente, o chefe do Executivo dispensou o uso da máscara de proteção contra o coronavírus.

O presidente Jair Bolsonaro parou primeiramente em uma lotérica no Cruzeiro. Após fazer uma aposta, foi a uma padaria no bairro, onde tomou um café. Em seguida, dirigiu-se a um clube no Setor Militar Urbano; depois, a uma papelaria no Setor de Indústrias Gráficas; e, por último, a uma mecânica de motocicletas no Setor de Oficinas do Sudoeste.

Durante o passeio pela capital, Bolsonaro ouviu de alguns apoiadores felicitações para o ano de 2021. O presidente permaneceu no Distrito Federal neste final de semana. Amanhã ele deve viajar para o Guarujá, no litoral paulista.

Avanço em 24h
Dez meses depois de registrar o primeiro caso de covid-19 no Brasil, o Ministério da Saúde divulgou, ontem, os números atualizados da pandemia. Segundo o relatório divulgado pela pasta, o país contabilizou 307 mortes nas últimas 24h. Assim, o país chega ao total de 190.795 óbitos desde o início da pandemia.

O último boletim do Ministério da Saúde apontou, ainda, o registro de 17.246 novos casos. Com esse resultado, o Brasil alcança 7,465 milhões de infectados pelo novo coronavírus.

De acordo com os dados oficiais do governo federal, São Paulo acumula o maior número de casos — 1,423 milhão de registros e 45.808 mortes. Em seguida, vêm Minas Gerais, com 522.331 casos e 11.585 óbitos; Bahia (482.113 casos e 8.983 óbitos); Santa Catarina (478.282 infectados e 5.007 mortes) e Rio Grande do Sul (430.780 registros e 8.452 mortes).

Rio de Janeiro vem na sequência, com 420.075 casos e 24.905 mortes. O Distrito Federal, no 11º lugar do ranking, contabiliza 247.928 casos e 4.198 óbitos. De acordo com o ministério, 6,475 pessoas (86,7%) se recuperaram. E 2.356 casos estão sendo investigados. Além disso, 10,7%, ou 799.545 estão sob acompanhamento. Em relação aos óbitos, 4.916 municípios tiveram registros (88,3%), sendo que 762 deles apresentaram apenas um óbito confirmado.

"O governo do Brasil mantém esforço contínuo para garantir o atendimento em saúde à população, em parceria com estados e municípios, desde o início da pandemia. O objetivo é cuidar da saúde de todos e salvar vidas, além de promover e prevenir a saúde da população", reforça o órgão.

A pasta afirma que tem repassado verbas extras e fortalecido a rede de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS), com envio de recursos humanos (médicos e profissionais de saúde), insumos, medicamentos, ventiladores pulmonares, testes de diagnóstico, habilitações de leitos de UTI para casos graves e gravíssimos e equipamentos de proteção individual (EPIs) para os profissionais de saúde.

"O Ministério da Saúde já destinou aos 26 estados e o Distrito Federal R$ 198,1 bilhões, sendo que, desse total, foram R$ 134 bilhões para serviços de rotina do SUS, e outros R$ 64,1 bilhões para a covid-19. Também já foram comprados e distribuídos 27,2 milhões de unidades de medicamentos para auxiliar no tratamento do coronavírus, 306,8 milhões de EPI, mais de 18,7 milhões de testes de diagnóstico para covid-19 e 79,9 milhões de doses da vacina contra a gripe, que ajuda a diminuir casos de influenza e demais síndromes respiratórias no meio dos casos de coronavírus", reforça a nota do Ministério da Saúde.