Título: BC alivia normas e põe R$ 23 bi no mercado
Autor: Hessel, Rosana
Fonte: Jornal do Brasil, 09/10/2008, Tema do Dia, p. A3

Bolsas continuam em queda mesmo com baixa de juros.

BRASÍLIA

O Banco Central anunciou, no início da noite ontem, mudanças nas regras de recolhimento do depósito compulsório sobre os depósitos à vista, a prazo e cadernetas de poupança. Com a medida, o BC libera mais R$ 23,2 bilhões de liquidez ao mercado.

O compulsório é uma parcela dos recursos captados pelos bancos que obrigatoriamente são recolhidos ao Banco Central. Dessa forma, o governo promove um "enxugamento" da capacidade de crédito, utilizando o compulsório como um instrumento de política monetária para reduzir os riscos à inflação.

O compulsório sobre os depósitos a prazo permanece o mesmo, na faixa de 15%. O que muda é o valor fixo de dedução para cálculo do recolhimento, que passa de R$ 300 milhões para R$ 700 milhões por instituição. Com essa medida, o Banco Central calcula que serão colocados R$ 6,3 bilhões no mercado. A medida prevê o ajuste do cálculo no dia 13 de outubro, ou seja, na próxima segunda-feira.

Um pouco antes, na sexta-feira, 10 de outubro, o BC promoverá mudanças na alíquota adicional do compulsório incidente sobre os depósitos à vista e a prazo. O adicional sobre os depósitos à vista e a prazo cai de 8% para 5%, e sobre os depósitos de poupança será mantido em 10%. Com tal medida, o BC estima liberar outros R$ 16,9 bilhões ao mercado.

As alterações relativas ao compulsório foram anunciadas pela Circular nº 3.408, assinada pelo diretor de Política Monetária do BC, Mário Torós. Desde 24 de setembro, o BC realiza mudanças no compulsório. A primeira medida foi o adiamento da elevação do recolhimento para o setor de leasing e a elevação do valor fixo de recolhimento dos depósitos a prazo de R$ 100 milhões para R$ 300 milhões.

No total, incluídas as mudanças anunciadas ontem, as liberações de recursos do compulsório já somam R$ 59,9 bilhões. A alíquota adicional de compulsório foi estabelecida em agosto de 2002. Foi estabelecido um aumento de 3% para os depósitos à vista e a prazo e de 5% para a poupança. Pouco tempo depois, em outubro de 2002, os índices foram elevados para os atuais 8%, dos depósitos à vista e a prazo, e agora serão reduzidas.

A parcela principal do compulsório sobre os depósitos à vista representa recolhimento de 45% dos valores ao BC em espécie, sem remuneração. Sobre os recursos a prazo, o recolhimento é de 15%, em títulos públicos federais.

Bovespa

A Bovespa encerrou o dia on- tem abaixo dos 40 mil pontos, o que não ocorria há dois anos. Em mais um pregão de perdas, a Bolsa paulista passou a acumular depreciação de 22,1% no mês e de 39,59% no ano. Nem mesmo a redução de meio ponto percentual nas taxas de juros, promovida em ação conjunta dos bancos centrais dos EUA e da Europa, conseguiu mudar a rota dos mercados acionários.

Na Europa, as quedas foram expressivas: Londres perdeu 5,18%, e Frankfurt, 5,88%. Em Wall Street, as ações também recuaram. O índice Dow Jones perdeu 2%. A baixa de ontem levou a Bolsa de Valores de São Paulo a passar a registrar depreciação ­

Apesar de todas as medidas que as autoridades têm tomado nas principais economias nos últimos dias, há um processo de inércia vendedora no mercado ­ explicou Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ágora.