Correio braziliense, n. 21037, 29/12/2020. Saúde, p. 11
OMS alerta para novas pandemias
29/12/2020
Em meio à segunda onda da covid-19, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou, ontem, que os países devem se preparar para outras pandemias ainda piores. "É apenas um sinal de alarme", alertou Michael Ryan, diretor de Emergências da agência internacional, durante a última coletiva de imprensa do ano sobre a pandemia do novo coronavírus, responsável por mais de 1,7 milhão de mortes em todo o mundo.
"Essa pandemia tem sido muito difícil. Circulou muito rapidamente e afetou todos os cantos do planeta, mas não necessariamente foi a pior", advertiu Ryan. O diretor da OMS ressaltou que o novo coronavírus tem uma transmissibilidade muito alta, e pode ser letal, mas ressalvou que "seus níveis de mortalidade são relativamente baixos em comparação com outras doenças emergentes".
O epidemiologista Bruce Aylward, também membro da agência de saúde das Nações Unidas, apoiou a tese ao afirmar que, apesar dos avanços científicos no combate à covid-19, como o desenvolvimento de vacinas em tempo recorde, a humanidade ainda está muito despreparada para a ameaça de futuras pandemias.
"Estamos na segunda e terceira ondas do vírus e ainda não somos capazes de controlá-lo", lamentou Aylward, ao lado de Ryan. "Embora estejamos mais bem organizados, os avanços ainda não são suficientes para a atual (pandemia) e menos ainda para as futuras", acrescentou o especialista.
Enquanto isso, a vacinação para a covid-19 avança em vários países, embora enfrente problemas de logística em alguns deles, causados, sobretudo, pelas exigências de armazenamento das doses. A empresa americana Pfizer anunciou que entregaria, com um pequeno atraso, carregamentos de seu imunizante — desenvolvimento em parceria com a alemã BioNTech — para oito países europeus, previstos, inicialmente, para ontem.
A farmacêutica informou às autoridades europeias que as encomendas vão chegar hoje ao destino. "A Pfizer foi informada por sua fábrica em Puurs (Bélgica) sobre atrasos nos embarques para outros países, inclusive Espanha, devido a um problema com o processo de carregamento e embarque", afirmou o Ministério da Saúde espanhol, em comunicado.
Madri anunciou que fará um cadastro com os dados das pessoas que se recusam a ser vacinadas contra a covid e que o compartilhará com outros países da União Europeia — as informações não serão divulgadas. "Não é um documento a ser tornado público e será feito com o maior respeito pela proteção de dados", declarou, em uma entrevista à emissora de televisão La Sexta, Salvador Illa, ministro da Saúde do país europeu. Os espanhóis não serão obrigados a receber as doses contra o novo coronavírus.