Título: Petrobras negocia indenização
Autor: Lorenzi, Sabrina
Fonte: Jornal do Brasil, 09/10/2008, Economia, p. A19

Estatal pede US$ 230 milhões ao Equador por investir no país. Correa expulsa Odebrecht.

A Petrobras negocia com o governo do Equador indenização da ordem de US$ 230 milhões pela devolução de uma área de petróleo localizada na floresta amazônica equatoriana. O valor equivale aos investimentos realizados no bloco 31 em estudos de sísmica e perfuração de blocos, além de uma auditoria ambiental que a Petrobras se comprometeu a realizar antes de devolver a área. O pagamento do reembolso à Petrobras e a devolução da área podem levar pelo menos quatro meses, afirma uma fonte que acompanha o processo.

¿ A devolução é conveniente para a Petrobras. Temos um quadro político complicado, com regras que nos impedem de crescer no país e foi uma chance de nos livrarmos desses problemas ¿ diz a fonte da Petrobras. A companhia brasileira assinou há duas semanas uma ata de entendimentos com o governo de Rafael Correa para deixar as atividades do bloco 31, mas não foram acertadas compensações pelos investimentos realizados pela empresa brasileira. O documento prevê, sim, reembolsos à Petrobras por parte do governo equatoriano, segundo a fonte.

A área tem potencial para produzir até 30 mil barris de petróleo por dia. Já contrariada com o plano do governo equatoriano de transformar as petroleiras em prestadoras de serviço, a companhia passou a enfrentar dificuldades na obtenção de licenciamento ambiental.

Comercialização viável

A Petrobras já tinha concluído a fase exploratória do bloco 31, com descobertas de petróleo que tornam a produção da área comercialmente viável. Se desenvolvesse o campo até o início da produção, a Petrobras extrairia de 20 mil a 30 mil barris de óleo por dia ¿ pouco para o tamanho dos problemas. O imbroglio com o bloco 31 vai além do direito de propriedade.

¿ Não foi só o problema com o governo. Essa área fica perto de uma reserva indígena e poderíamos ter complicações sociais e ambientais ¿ acredita.

Cerca de um terço da área fica dentro desta reserva. A Petrobras negocia também o destino das atividades no campo 18, que já produz 32 mil barris diários de petróleo. A fonte da Petrobras manifestou que as negociações não vão bem. Em entrevista na última terça-feira, o presidente da petroleira, José Sérgio Gabrielli, disse que a empresa não aceita se tornar prestadora de serviço nas áreas já adquiridas em contrato. E o presidente Lula cogitou a hipótese de a Petrobras deixar o Equador.

A Petrobras pode não ter prejuízo se mantiver as atividades de comercialização no Oleoduto de Crudos Pesados (OCP), que distribui no norte do país. A Petrobras detém cerca de 10% de participação no oleoduto. Os segmentos de distribuição e comercialização de combustíveis não sofrem pressão de Correa pela estatização.

Na avaliação do executivo, os danos que a companhia pode ter com o fim das atividades no Equador não são representativos.

¿ Em termos gerais, nossa participação no Equador é muito pequena e este processo não chega nem perto do que nos aconteceu na Bolívia e na Venezuela ¿ comenta.

Odebrecht

O Equador ratificou ontem a decisão de expulsar a construtora brasileira Odebrecht depois de analisar uma proposta econômica que não convenceu Correa para compensar o país pelos danos registrados em um de seus projetos.

¿ O presidente cedeu muito, mas definitivamente a Odebrecht não pode estar no país ¿ disse o ministro coordenador de Setores Estratégicos, Galo Borja.