Título: Crise chega ao balanços das empresas
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Fonte: Jornal do Brasil, 11/10/2008, Tema do Dia, p. A2

Os desdobramentos da crise já se fazem sentir sobre as empresas de maior porte do mundo. A seguradora japonesa Yamato Life Insurance, que tem quase cem anos de existência, pediu ontem proteção contra credores, ao constatar que seu endividamento chega a US$ 3 bilhões, e supra em US$ 116 milhões o valor de seus ativos.

Em outro caso emblemático, as montadoras dos Estados Unidos estão elevando a pressão sobre o governo para que implemente rapidamente o programa de crédito de US$ 25 bilhões aprovado recentemente.

As empresas afirmam que as necessidades de capital tornaram-se ainda mais urgentes após as turbulências do mercado de ações e diante da necessidade de reformulação de suas linhas de montagem, adpatando-as à necessidade de redução do consumo de combustíveis.

Ontem, a General Motors e a Ford viram o preço de suas ações despencarem 31% e 22%, respectivamente, alimentando as especulações de que podem não ter dinheiro suficiente para sobreviver ao aprofundamento da desaceleração econômica.

No Brasil, o grupo Votorantim divulgou nota informando que teve prejuízo de R$ 2,2 bilhões com operações de swap referenciado em dólar, mas destacou que a exposição, uma vez assimilada a perda, foi totalmente eliminada.

Paralelamente, Rússia e Espanha anunciaram ontem novas medidas para enfrentamento da crise. O governo de Moscou abriu crédito de US$ 86 bilhões para empresas que necessitem refinanciar suas dívidas externas, e também para bancos em dificuldades.

A Espanha anunciou que comprará até US$ 41,2 bilhões em dívidas de bancos com grau de investimento até o fim do ano. E vai liberar US$ 28 bilhões em 2009 para melhorar a liquidez do sistema financeiro.

A turbulência, entretanto, não atinge a todos igualmente: impulsionado pela crise, o investidor bilionário Warren Buffett é de novo o homem mais rico dos Estados Unidos, A particularidade do caso é que, enquanto 17 bilionários da lista da revista Forbes perderam mais de US$ 1 bilhão no último mês, Buffett conseguiu ampliar sua fortuna em US$ 8 bilhões, acumulando US$ 58 bilhões. Isso o coloca à frente de Bill Gates, funfador da gigante Microsoft, cuja fortuna caiu de US$ 57 bilhões para US$ 55,5 bilhões.