Título: Turbulência por mais um mês, prevê Mantega
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 11/10/2008, Tema do Dia, p. A6
O Ministro da Fazenda, Guido Mantega, chegou ontem a Washington para participar do encontro anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (Bird), como já é de costume, demonstrando con"fiança que o Brasil está bem estruturado para enfrentar a atual crise financeira que continuou derrubando os mercados globais esta semana. Mas, na opinião do ministro, "o fundo do poço" será alcançado nas próximas semanas. A turbulência atual deverá se prolongar por até quatro semanas, tempo necessário para que o pacote de socorro às instituições financeiras de US$ 700 bilhões aprovado pelo Congresso dos Estados Unidos seja efetivamente aplicado.
O pacote de ajuda aprovado pelo Congresso norte-americano ainda não entrou em vigor. Supõe-se que serão necessárias mais três ou quatro semanas para ele ser posto em prática efetivamente. Mas as medidas fundamentais ainda não foram tomadas. Então nós precisamos ter um pouco de paciência para uma ação mais decisiva afirma. O Brasil, segundo ele, não precisa se preocupar muito: Como ministro, eu não perdi o sono. Acredito que os meus colegas de outros países estão perdendo o sono, sim. Nós não temos razão para isso lá no Brasil porque temos uma situação sólida.
O país continua crescendo apesar da crise afirma o ministro, para quem há problemas localizados, como os de liquidez e um ou outro setor que estava alavancado em câmbio e agora atravessa dificuldades. O ministro chegou à capital norte-americana na manhã de ontem e convocou para hoje à tarde uma reunião emergencial com os ministros do G20, grupo dos países em desenvolvimento e do qual o Brasil tem a presidência pro tempore. Convoquei essa reunião para discutirmos a crise e vamos apresentar sugestões de medidas para combatê-la promete Mantega. Além da maneira tradicional, a gente tem que usar novos instrumentos porque a crise de 2008 não é igual à de 1929. Existem mecanismos que não existiam naquela época, como derivativos, hedge funds.
Nós temos que inventar armas específicas para combater os problemas acrescenta. O ministro da Fazenda disse que conversou com o presidente Lula antes embarcar para os Estados Unidos sobre as recomendações que ele fará neste sábado durante o encontro dos ministros do G-20. Vamos ter que ser mais criativos do que já fomos. Os governos têm utilizado instrumentos conhecidos e temos que criar instrumentos não conhecidos. O importante é que existe a disposição dos governos para fazer isso comenta.
Assim como os diretores do FMI têm comentado nos últimos dias que a intensidade do impacto dessa crise financeira é diferente em cada país, especialmente mais intenso nos desenvolvidos, Mantega também destacou esse fato para lembrar que o Brasil está preparado para enfrentá-la e já vem tomando medidas para isso. Essa crise não afeta igualmente todos os países. Ela é mais forte nos países avançados e é menos forte nos países em desenvolvimento, porém ela atinge um pouco a todos. E os países estão dispostos a usar todas as armas que tem disponíveis para combater essa crise afirma.
No Brasil, informou, "os principais problemas que se apresentam para nós não são de insolvência como os que se encontra no chamado mundo desenvolvido": No caso do Brasil, agimos prontamente assim que detectamos problemas de liquidez. Liberamos compulsório, criamos linhas, leilão para ativos em moeda estrangeira. Já regulamentamos aquela medida que permite fazer o redesconto por parte do Banco Central. Agora estamos também começando a atuar nas linhas de credito ACC.