Título: Atrito entre Chávez e os EUA se amplia
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 26/01/2005, Internacional, p. A12

Caracas acusa Washington de estimular o confronto

CARACAS - A Venezuela acusou os Estados Unidos de estimularem o confronto surgido entre Caracas e Bogotá após o seqüestro de um guerrilheiro colombiano na capital venezuelana. O presidente Hugo Chávez disse no domingo que Washington tramou a captura do ''chanceler'' das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Rodrigo Granda, em dezembro em Caracas. Para o governo venezuelano, o episódio foi uma violação de soberania.

Caracas recebeu na semana passada uma lista com sete nomes de líderes guerrilheiros (seis da Farc e um do Exército de Libertação Nacional - ELN) qualificados de ''terroristas'' por Bogotá e que estariam no país. Os venezuelanos acharam a lista ''decepcionante'', mas prometeram agir.

Ontem, o vice presidente Jose Vicente Rangel respondeu ao porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Adam Ereli, que pediu a Caracas que examinasse atentamente as informações e tomasse as ações necessárias.

- A Casa Branca, em vez de ser discreta e favorável a facilitar um entendimento, fez foi atiçar o fogo da confrontação - disse Rangel. - A Venezuela não tem por que prestar contas aos EUA. Daremos as informações pedidas pelo governo colombiano oportunamente e sem pressões - afirmou.

Ainda segundo o vice-presidente, ''a reiterada conduta do governo americano evidencia um plano de provocação sistemática, de descarada ingerência nos assuntos internos do nosso país''. O governo Bush havia divulgado uma nota com críticas a Chávez.

''Pedimos ao presidente explicar por que permitiu a um terrorista das FARC viajar livremente por seu território e até obter um passaporte venezuelano'' dizia a nota de Washington, aliada do presidente colombiano Alvaro Uribe contra a guerrilha.

A pressão também veio da nova secretária de Estado Condoleezza Rice, que classificou Chávez de ''força negativa que ameaça os vizinhos''. O presidente reagiu chamando Rice de ''Condolência'' e dizendo que a força mais negativa do mundo ''é o imperialismo americano''. Rangel acusou o governo Bush de proteger envolvidos em terrorismo procurados pelo país.

- Colômbia e Venezuela podem acertar suas diferenças como povos irmãos, sem tutelas externas, sem pressão, e menos ainda as que evidentemente obedecem a propósitos inconfessáveis - disse Rangel.