Título: Sucessão une antigos adversários
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 01/03/2005, Braasília, p. D3

Senador muda de partido para tentar reeleição em nova chapa, enquanto PT e PFL cortejam ex-vice do governador Roriz

Na já iniciada disputa pela sucessão no Palácio do Buriti, as forças partidárias começam a articular jogadas em busca de pontos a mais na corrida ao GDF. Antigos aliados do governador Joaquim Roriz, nomes de peso no cenário político local que podem agregar votos importantes no pleito, entram na mira dos antigos adversários. O senador Valmir Amaral (PMDB) não esconde o desejo de concorrer a um novo cargo majoritário - governador, vice ou senador. Suplente de Luiz Estevão, eleito em 1998 para o Senado, Amaral assumiu a vaga com a cassação do titular, em 2000. Para viabilizar seu projeto político, vai deixar para trás o partido de Roriz, onde esteve por 25 anos, e deve ingressar no PP. Também recebeu convites do PPS e do PTB. Ele afirma que não sai do PMDB indisposto com o governador nem com o presidente regional da legenda, o deputado Tadeu Filippelli. Mas afirma que é amigo dos petistas Geraldo Magela e Cristovam Buarque, e não veria resistência em uma eventual composição com o PT.

- Meu futuro partido é que vai decidir quem apoiar. Não tenho problemas com o governador e voto com o governo Lula - diz Valmir Amaral, contando que só deve oficializar sua nova legenda nos próximos 90 dias.

O presidente do PP-DF, Benedito Domingos, é um dos mais requisitados. O líder evangélico, ex-vice de Roriz de 1998 a 2002, tem mantido conversas quase diárias com PT e PFL, para compor como vice. Na avaliação de petistas, uma aliança de centro-direita com Benedito pode trazer uma diferença significativa. Pré-candidato ao GDF, o senador Paulo Octávio também acredita na possibilidade de ter Benedito a seu lado nos palanques. E conta para isso com um aliado entre os progressistas: o distrital Júnior Brunelli, membro da Frente Democrática na Câmara Legislativa.

- Eu e Benedito somos amigos de longa data e existe receptividade da parte dele. Mas esse processo vai depender da verticalização, de quais legendas devem apoiar o presidente Lula na reeleição - diz Paulo Octávio, com pontos à frente de seus adversários na disputa pelo Buriti. Sob sua influência, PT e PFL criaram a Frente Democrática que levou à presidência o pefelista Fábio Barcellos, ligado a octávio. E, de quebra, garantiu composição no DF com o Prona, inchado com as recentes filiações dos distritais José Edmar e Wilson Lima.

O ex-senador Valmir Campelo também pode ser uma carta na manga de chapas concorrentes. Na semana passada, Magela, pré-candidato do PT ao Buriti, convidou Valmir, atual ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) a voltar à política apoiando os petistas. ''Foi uma conversa de militante interessado em ajudar'', frisa Magela. Campelo ficou de analisar.

-Política está no sangue, tenho saudades. Tenho conversado com algumas pessoas, mas ainda é muito cedo para tomar essa decisão. Estou feliz no TCU - desvia.

Campelo tem a vantagem de adiar uma definição pois, como ministro, pode filiar-se até seis meses antes das eleições. Nos bastidores, porém, ele estaria considerando a hipótese de voltar a concorrer ao GDF para superar a derrota que amargou contra o então candidato Cristovam Buarque, em 1994. Campelo pretende mostrar que ainda tem força como liderança política e guardaria mágoa de Roriz por considerar que não recebeu o apoio que precisava na época para conseguir se eleger governador. Ele estaria estudando ainda uma filiação ao PTB.