Título: De uma só vez, 300 dizem sim no altar
Autor: Melissa Medeiros
Fonte: Jornal do Brasil, 01/03/2005, Brasília, p. D5

Foi a maior cerimônia coletiva da história do DF, que regularizou a união de 150 casais, a maioria de garis

Com pompas e circunstâncias, 150 garis foram ao altar e reafirmaram o ''sim'' que, a maioria, há muitos anos já haviam pronunciado para seus companheiros ou companheiras. Eles protagonizaram o maior casamento coletivo da história da capital federal. Regularizaram e receberam as bênçãos para uma união que existia, de fato, mas não legalmente, há muitos anos. Vassouras e roupas alaranjadas foram substituídas por alianças, buquês e trajes brancos. Não faltaram sequer as alianças de ouro, como símbolo de um momento especial na vida de cada um deles. O dia do grande ''sim'' foi marcado por uma cerimônia simples, mas envolvida em requinte pelo sonho acalentado por tantas noivas que não tiveram condições financeiras para torná-lo realidade.

Horas antes da troca de alianças, uma maratona inimaginável: maquiagem, cabeleireiro e registro em cartório.

O momento foi tão solene que atraiu convidados notáveis, como deputados federais e distritais, senadores da República, administradores regionais, representantes do GDF e as autoridades religiosas que participaram da cerimônia ecumênica.

Estimado em R$ 800 por casal, o evento - organizado pela empresa de limpeza urbana Qualix - foi totalmente gratuito. Contou com o apoio técnico e financeiro do Instituto Vilarindo Lima, da Administração de Sobradinho, da Corregedoria do DF, do Tribunal de Justiça, do 2º Cartório de Notas de Sobradinho, do Sesi e mais de 200 voluntários.

Empolgada com os retoques da maquiagem, a noiva Tânia Soares mexia-se, abraçava o noivo e não conseguia parar de falar da ansiedade de casar.

- Eu, meu futuro marido e meus quatro filhos estamos muito felizes. Eles até estão calmos, mas eu estou nervosa demais. Quero que comece logo esse casamento. Como pode quem já esperou 23 anos, não agüentar esperar mais uns minutos? É alegria demais. Eu nunca poderia pagar uma festa assim - disse Tânia.

Mas o nervosismo não era apenas das mulheres. O noivo Cícero da Silva também não escondia sua ansiedade. Para ele, o casamento tem um motivo especial.

- Quando fomos morar juntos, ela tinha apenas 13 anos. As pessoas criticavam muito e achavam que eu estava me aproveitando. Não era isso. Gosto dela e já estamos juntos há dez anos e só não casamos antes porque é caro demais - explica Cícero, de 33 anos.

Empolgada com o grande número de afilhados, a vice-governadora, Maria de Loudes Abadia, afirma que a oficialização dos casamentos deve trazer tranqüilidade e segurança para as famílias.

- Nunca fui madrinha de pessoas tão felizes. Essa situação irregular deixa a família instável. Agora, essas pessoas terão mais vontade de repeitarem-se e cuidarem de seus filhos - disse a vice-governadora.