Título: Consultor defende corte dos juros. Mas não crê que virá
Autor: Falcão, Márcio
Fonte: Jornal do Brasil, 23/10/2008, Tema do dia, p. A10

A sinalização do governo em direção a um possível corte de gastos de custeio e investimentos não agradou o especialista em finanças públicas e ex-secretário de Finanças de São Paulo, Amir Khair. Para o economista, o governo poderia poupar todos os recursos que precisa para enfrentar a crise com uma política mais agressiva de redução da taxa básica de juros.

¿ Um dos maiores gastos do governo, atrás apenas da Previdência Social, é o serviço da dívida pública, que é determinado em grande parte pela Selic e fica em torno de R$ 180 bilhões anuais ¿ explica Khair. ¿ 0,5 ponto percentual de corte na taxa já economizaria bilhões para o governo. Não faz sentido continuarmos com essa taxa de juros elevada, uma das maiores do mundo. A inflação hoje não é determinada pela Selic, e sim pelo preço das commodities no mercado internacional.

O especialista, contudo, acredita que dificilmente o governo apostará nesse caminho. Para Khair, os Ministérios da Fazenda e do Planejamento podem mirar mais facilmente em outros alvos. Ele acredita que é possível para os ministérios reduzir os gastos de custeio renegociando ou cancelando contratos de prestação de serviços terceirizados, como consultorias ou limpeza, além da adoção clara de uma nova postura em relação aos gastos com o funcionalismo público.

¿ Certamente, isso passa pelo adiamento de alguns ingressos de servidores aprovados em concursos recentemente ¿ observa Khair. ¿ Outra alternativa, também bastante provável, é a renegociação de compromissos assumidos pelo governo em relação a reajustes salariais de algumas categorias do funcionalismo. (R. B.)