O Estado de São Paulo, n.46350, 11/09/2020. Caderno Especial : 6 meses de Pandemia, p.H3

 

Sem vacina, testes são arma de controle da covid-19

11/09/2020

 

 

Sociedade e cidadão comum devem se ater à qualidade dos testes para uma melhor gestão da saúde

Seis meses depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretar pandemia por causa do novo coronavírus, o mundo espera que a ciência encontre vacinas e tratamentos eficazes contra a doença. Enquanto isso, com a flexibilização da quarentena e a retomada gradual da economia, os testes de diagnóstico da covid-19 se tornaram uma das principais armas no controle e no monitoramento dos avanços da doença no Brasil e no mundo, não só pela comunidade médica, mas também para toda a sociedade. "É de nossa responsabilidade, como cidadãos, exigir a qualidade dos testes. Nós deveríamos conhecer que tipo de teste estamos fazendo. É preciso investir na educação em saúde da população, que deve saber o que está comprando e que tipo de teste está recebendo", avalia Antonio Vergara, presidente da Roche Diagnóstica Brasil.

A Roche continua investindo em inovação para endereçar a necessidade nesta pandemia de ter o teste adequado para cada paciente, para aprimorar a gestão da doença. Além dos testes de RT-PCR e de testes sorológicos de anticorpos, a companhia está para lançar no mercado o teste rápido de antígeno.

"Um bom teste de antígeno precisa oferecer (relativamente) um alto nível de sensibilidade, para não deixar de detectar pacientes infectados, enquanto mantém, também, um nível alto de especificidade, para não diagnosticar incorretamente o paciente. Indicando, por exemplo, uma infecção por SARS-CoV-2 enquanto não há nenhuma – o famoso falso positivo", diz Vergara.

O Brasil tem hoje 378 testes para coronavírus aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O padrão ouro para diagnóstico na fase aguda da doença é o RT-PCR, exame molecular que detecta a presença de RNA do vírus em amostras de vias aéreas do paciente. O exame é fundamental para afirmar se a pessoa está contaminada. Há ainda os testes sorológicos, que identificam se houve contato com o vírus e foram desenvolvidos anticorpos contra a doença. Num paciente sintomático – mas apenas a partir da segunda semana do início de sintoma –, esses testes podem também afirmar uma infecção, auxiliando no diagnóstico.

Para Gonzalo Vecina, professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo e presidente do conselho do Instituto Horas da Vida, os testes de qualidade são fundamentais para o acompanhamento da pandemia, especialmente para auxiliar os gestores da saúde pública na tomada de decisões. "O RT-PCR é um teste de grande interesse da saúde pública e deve ser realizado sempre que um cidadão apresentar sintomas compatíveis com a infecção,

É de nossa responsabilidade, como cidadãos, exigir a qualidade dos testes. É preciso investir na educação em saúde da população, que deve saber que tipo de teste está recebendo" Antonio Vergara, presidente da Roche Diagnóstica Brasil

para que medidas de isolamento sejam tomadas, em casos positivos." Vecina acrescenta ainda que os exames sorológicos também têm importância na tomada de decisões e no entendimento da prevalência da doença no País: "A decisão de testar inclusive a população assintomática é acertada".

Na avaliação do médico Marco Aurélio Sáfadi, presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), ter testes de diagnóstico de qualidade é de extrema importância, já que a infecção pelo novo coronavírus provoca sintomas clínicos muito parecidos com outras infecções respiratórias, como as causadas pelos vírus influenza, por exemplo. "Temos a cocirculação de vários vírus, e é imprescindível saber com clareza qual o agente etiológico. Isso permite que o médico descarte outros problemas e defina a melhor conduta de tratamento para cada paciente."

É de nossa responsabilidade,  como cidadãos, exigir a a qualidade dos testes.  É preciso investir na educação em saúde da população, que deve saber que tipo de teste está recebendo"

Antorio Vergara, presidente da Roche Diagnóstica Brasil