O Estado de São Paulo, n.46350, 11/09/2020. Metrópole, p.A14

 

Ministro define os jovens como 'zumbis existenciais'

Mateus Vargas

11/09/2020

 

 

Titular da Educação, Ribeiro diz que a juventude não acredita em Deus e família, perdeu os referenciais e não tem mais motivação

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou ontem que jovens se tornaram "zumbis existenciais" ao não acreditarem mais em Deus e também na política. O ministro participou de evento no Palácio do Planalto em que o governo lançou projeto de educação em saúde para tratar da prevenção do suicídio e da automutilação, da gravidez na adolescência, do consumo de drogas, além do combate à violência contra populações vulneráveis.

Ribeiro relacionou o aumento de doenças mentais à "desconstrução deliberada de tudo, sem colocar nada no lugar". "Não há mais juventude que acredite nas coisas como Deus, política, religião e família. Perdem referencial", disse ele, que é professor universitário e pastor presbiteriano. "Temos hoje no Brasil, motivados, creio eu, por essa quebra de absolutos e certezas, verdadeiros zumbis existenciais. Não acreditam mais em nada, desde Deus e política, não têm mais nenhuma motivação." Segundo ele, essa "desconstrução" foi feita de forma deliberada. Ao criticar livros didáticos distribuídos por gestões passadas do MEC, disse que alguns "valores" não devem ser tratados "na infância ou adolescência".

A ideia do novo programa é promover cursos a distância, além de palestras, para professores de escolas públicas e privadas, líderes religiosos, profissionais de conselhos tutelares e movimentos sociais que lidam com crianças e adolescentes. O governo não divulgou o orçamento das ações. No lançamento do projeto, houve críticas à discussão do Congresso para liberar o plantio de cannabis para produzir remédios. "Abre o olho, tem uma galera aí querendo liberar maconha. O senhor sabe que desencadeia suicídio. Abre o olho no Congresso", disse a ministra da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves.

O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que o Brasil enfrentará "ondas" após a pandemia, causadas pelo "desastre econômico e social". "A segunda onda são mortes causadas por doenças não tratadas", disse. Ele também citou violência doméstica e depressão, automutilação e suicídio como outros grandes desafios.

O general ainda tratou do uso de medicamentos à base de maconha. Ele não avaliou o projeto de lei sobre o plantio, mas disse que o SUS trabalha para garantir o acesso aos fármacos. "Não há nenhuma restrição ao medicamento. Se é necessário, tem a certificação, que seja fornecido naturalmente pelo SUS."