Título: Nervosismo diminui e Citi elogia países emergentes
Autor: Hessel, Rosana
Fonte: Jornal do Brasil, 14/10/2008, Economia, p. A19

Para Bill Rhodes, latino-americanos dão lições sobre combate à crise

Rosana Hessel

WASHINGTON

Enquanto o diretor gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) e o presidente do Banco Mundial (Bird) acompanhavam ontem o encerramento dos trabalhos do último dia do encontro anual das duas instituições, economistas e empresários aproveitavam evento paralelo para mostrar o pessimismo que rondou os mercados nos últimos dias tem um fatores positivos, e a economia brasileira ganhou destaque.

O executivo e chefe de avaliação de risco da Itaú Holding Financeira, Sergio Werlang, por exemplo, faz elogios à economia brasileira e, inclusive, prevê queda dos juros a partir do terceiro trimestre de 2009, apesar de uma alta nas taxas ainda este ano e no início do próximo diante da provável desaceleração do mercado global.

¿ Quando o mercado se acalmar, o que o poderá acontecer é a uma evolução ¿ afirmou Werlang a investidores presentes ao encontro promovido pela Câmara de comercio brasileiro-americana em Washington.

O economista sênior do Peterson Institutute for International Economics, John Williamson, avaliou que a desaceleração será de forma generalizada, mas "o Brasil vai se sair muito bem". Segundo ele, a crise de crédito já causou perdas de US$ 6 trilhões acumulados desde 2006.

Assim como o Brasil, os países emergentes poderão ser exemplo para economias desenvolvidas, na opinião do presidente do Citibank, Bill Rhodes. Ele voltou a afirmar que "os países desenvolvidos devem aprender com da América Latina como enfrentar uma crise", disse. Para Rodhes, o "Brasil está em uma posição econômica mais forte e melhor do que há 10 anos". Ontem, os mercados deram um sinal de arrefecimento, especialmente, porque as bolsas reagiam ao longo do dia positivamente aos pacotes de ajuda dos governos europeus ao setor financeiro.

Dia de euforia

As medidas para enfrentar a crise dos créditos subprimes trouxeram ânimo para os investidores, que voltaram às compras e recuperaram parte das perdas da semana passada. O Ibovespa, termômetro da Bolsa brasileira, avançou 14,66% no fechamento e atingiu os 40.829 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,24 bilhões. As ações líderes da Bolsa, Petrobras e Vale, também tiveram ganhos na casa dos dois dígitos: 12,08% e 13%, respectivamente.

O mercado acionário americano também reagiu com euforia à série de pacotes anunciados pelos governos dos Estados Unidos e dos países europeus. No primeiro dia com negociações após as medidas serem anunciadas, os principais índices indicaram altas expressivas. A Bolsa de Nova York valorizou 11,08%. Operadores notaram que, devido a um feriado local, Wall Street funcionou com restrições. Para muitos, a real sinalização de que os mercados americanos "aprovaram" as medidas deve ocorrer hoje.

O otimismo pode ser traduzido pelo índice Dow Jones, da Bolsa de Valores de Nova York: fechou em alta de 936,42 pontos, a maior de sua história, a 9.387,61 pontos, ganho de 11,08%.

O índice ampliado S&P 500, por sua vez, subiu 11,58%. Na Bolsa tecnológica Nasdaq, o indicador subiu 11,81%, aos 1.844,25 pontos.

Ajuda da zona do euro

Os países que usam o euro como moeda única iniciaram os anúncios de quanto gastarão para para refinanciar bancos e garantir a liquidez nos empréstimos interbancários. Países europeus que não fazem parte deste grupo, como Inglaterra e Rússia, também anunciaram suas medidas. Segundo cálculo feito Financial Times, os planos anunciados na Europa nos últimos dias somam US$ 2,28 trilhões (1,68 trilhão de euros).

Entre os países que anunciaram a liberação de recursos estão a Alemanha, com 500 bilhões de euros, Holanda, 200 bilhões, França, 360 bilhões, Espanha, 100 bilhões, Áustria, 100 bilhões, Itália, 40 bilhões e Portugal, 20 bilhões de euros. A Inglaterra já anunciara pacote semelhante, de 50 bilhões de euros. Na Rússia, o governo sancionou um pacote de leis para estabilizar os mercados. Analistas cifram o plano russo em mais de US$ 150 bilhões.

Além das iniciativas dos governos, os bancos centrais europeus anunciaram que irão proporcionar quantidades ilimitadas de créditos em dólares em períodos entre uma semana e 84 dias. Como conseqüência, a quantia dos acordos de "swap" entre o Federal Reserve (Fed, o BC americano) e os bancos centrais europeus aumentará para ser adaptada às quantias solicitadas pelos bancos.