Título: Cepal: PIB brasileiro crescerá menos de 5%
Autor: Landler, Mark
Fonte: Jornal do Brasil, 15/10/2008, Economia, p. A17

SÃO PAULO

O Brasil e os vizinhos da América do Sul tendem a sentir menos ¿ em relação aos demais países da América Latina ¿ os efeitos da crise financeira global, mas mesmo assim sua atividade econômica será afetada pela escassez de crédito e, em decorrência, dificuldade de financiamento. Essa é a previsão inicial da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), órgão da Organização das Nações Unidas (ONU), com sede em Santiago (Chile). Embora evitando projetar uma taxa de crescimento para o Brasil no ano que vem, alegando indefinição dos cenários, o diretor da Divisão de Desenvolvimento Econômico da Comissão, Osvaldo Luis Kacef, disse ontem a este jornal que com o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil vai acontecer o mesmo esperado para toda a região.

Crescimento

¿ Não temos um número fechado, mas o PIB brasileiro vai ficar muito menor do que a taxa de incremento esperada para 2008, que é de 5% ¿ afirmou Kacef. Para toda a América Latina, o crescimento deverá cair de uma faixa considerada razoável, entre 4,5% e 4,7% neste ano, para algo em torno de 3,5%, segundo o diretor da Cepal.

Kacef lembra ainda que a crise dos mercados financeiros surgida nos EUA e depois espalhada pela Europa veio interromper um ciclo de crescimento econômico contínuo somente verificado no final dos anos 60. No período de 2003 a 2008, o PIB per capita dos latino-americanos subiu a taxas anuais de 3% ao ano. Mesmo assim, esse patamar está abaixo do alcançado pelos emergentes (6,5% a 7% neste ano), puxado pela China e Índia.

¿ Toda essa bonança está sendo interrompida a partir de agora e por um espaço de tempo que ainda não podemos imaginar ¿ diz Kacef, economista argentino que fez parte de sua formação acadêmica no Brasil. A taxa do desemprego, que neste ano ficará menor (7,5% da População Economicamente Ativa) que a de 2007 (8%), provavelmente deixará de cair em 2009.