Título: EUA: US$ 250 bi para estatizar
Autor: Landler, Mark
Fonte: Jornal do Brasil, 15/10/2008, Economia, p. A17

Governo pressiona bancos para que retomem empréstimos entre si e para clientes

Mark Landler

THE NEW YORK TIMES

Ao descrever o plano de resgate financeiro do governo norte-americano como "amplo, vigoroso e transformador", o secretário do Tesouro, Henry Paulson, disse ontem que a injeção de US$ 250 bilhões nos bancos do país é necessária para restaurar a confiança e evitar o colapso do sistema financeiro.

Falando pouco depois de o presidente George W. Bush usar termos similares sobre a proposta, Paulson disse que o Tesouro vai usar os recursos com o objetivo de contribuir para a recapitalização das instituições e fazê-las retomar os empréstimos entre si, para as empresas e aos consumidores.

¿ As necessidades de nossa economia exigem que nossas instituições financeiras não recebam esse novo capital para guardá-lo, mas para colocá-lo em circulação ¿ disse Paulson, que expôs alguns detalhes do plano junto com o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Ben Bernanke, e a presidente da Agência Federal de Garantias e Depósitos Bancários (Fdic, na sigla em inglês), Sheila Bair.

Com a proposta, os Estados Unidos seguem os planos similares anunciados segunda-feira na Europa ¿ quase todos os países tencionam injetar fundos nos bancos e descongelar os mercados de crédito. Além da injeção nos bancos, os EUA vão garantir os novos títulos de dívida emitidos pelos bancos por três anos, para incentivar as instituições financeiras a retomarem os empréstimos entre si e para os clientes.

A Fdic vai oferecer garantia ilimitada para os depósitos que não carregam juros ¿ normalmente as contas de clientes empresariais ¿ colocando os EUA em linha com diversos países europeus, que adotaram essas garantias globais.

E o Fed iniciará um programa pelo qual será comprador de último recurso de papéis de curto prazo, iniciativa que visa ajudar as empresas a conseguirem dinheiro para as operações do dia-a-dia. Chamando a necessidade de injetar recursos nos bancos de lamentável, Paulson disse que era, no entanto, necessária.

¿ A alternativa de deixar as empresas e os consumidores sem acesso a financiamento é inaceitável ¿ disse. ¿ Quando o financiamento não está disponível, os consumidores e as empresas reduzem os gastos, o que faz as empresas eliminarem empregos e até mesmo fechar as portas.

¿ Acredito com veemência que a aplicação das medidas, junto com a resiliência da economia americana, vai contribuir para restaurar a confiança ¿ complementou Bernanke.

Como a Casa Branca tem feito desde que a Câmara dos Representantes rejeitou a legislação inicial do pacote de resgate, Bush procurou tranqüilizar a população de que os esforços são necessários para proteger suas economias e aposentadorias.

Cada um dos programas protege os contribuintes, disse Bush, e é "limitado e temporário". Paulson fez uma exposição das linhas gerais do plano a oito presidentes de bancos do país numa reunião na tarde de segunda-feira. Ele disse aos presentes que terão de aceitar o investimento governamental para o bem do sistema financeiro americano, segundo altos funcionários do governo.

Na segunda-feira, grandes bancos aceitaram receber investimentos totalizando perto de US$ 125 bilhões. O Citigroup e o JPMorgan Chase vão receber US$ 25 bilhões cada. O Bank of America, envolvido no processo de aquisição do Merrill Lynch, e o Wells Fargo, que está adquirindo o Wachovia Corporation, receberão US$ 25 bilhões. O Goldman Sachs e o Morgan Stanley terão US$ 10 bilhões cada. E o Bank of New York Melon e o State Street de US$ 2 bilhões a US$ 3 bilhões. Outros US$ 125 bilhões serão distribuídos para milhares de bancos de pequeno e médio portes. Eles estarão aptos a receber investimentos do governo na proporção similar de seus ativos.