Título: 73,2% da população analfabeta é negra e parda
Autor: Totinick, Ludmilla
Fonte: Jornal do Brasil, 16/10/2008, Economia, p. A19

Outro ponto destacado pelo estudo foi o número muito superior de analfabetos negros e pardos em relação aos brancos. No ano de 2006, das 14,1 milhões de pessoas analfabetas, com 15 anos de idade ou mais, aproximadamente 2,6% desse total, 372 mil pessoas, que freqüentam a escola, 73,2% eram negras e pardas.

¿ Isso significa que, apesar de um contexto de redução de desigualdades estar associado com políticas gerais, é necessário que esses indicadores sejam tratados com a devida atenção para que a gente possa compreender como é que os distintos grupos da população brasileira são afetados pelos diversos problemas ¿ observou Marcelo Paixão.

Abismos

Entretanto, o fato de freqüentar a escola não é o suficiente. Um pouco mais da metade das crianças negras e pardas de sete a 10 anos estudava na série correta. Em 2006, nem metade das crianças brasileiras de 11 a 14 anos freqüentava a escola na série esperada. Nesse cenário, somente um terço das crianças negras e pardas freqüentava a escola na série correta. No período de 1995 a 2006, as taxas de adequação por parte da população entre 15 e 17 anos também cresceram, mas permaneciam baixas. Passou de 17,7% para 37,4% entre jovens brancos e, entre os jovens pardos e negros, saltou de 4,9% para 19,3%.

A proporção de políticos negros e pardos em relação aos brancos também é destacada no relatório.

¿ As mulheres negras formam 25% da população brasileira, mas não representam nem 1% do total de parlamentares eleitas em 2006 para o Congresso Nacional. É um fato que não pode passar desapercebido ¿ ressalta o professor. ¿ O fato de os candidatos a prefeitos e vereadores não terem colocado o assunto na pauta já é motivo de preocupação.

Em 2006, dos 513 deputados federais eleitos, havia 11 negros, sendo 10 homens e uma mulher.