O Estado de São Paulo, n.46353, 14/09/2020. Economia, p.B8

 

Como escolher o fundo de previdência

Jenne Andrade

14/09/2020

 

 

Guardar dinheiro para a aposentadoria é a segunda prioridade financeira do brasileiro, aponta pesquisa

No Brasil, investir em previdência é a segunda prioridade da população no mercado financeiro, segundo o 'Estudo De Investidores Globais 2020', feito pela gestora Schroders.

Os fundos privados de previdência são conhecidos pela maioria das pessoas, principalmente pelas vantagens tributárias. É preciso escolher entre as modalidades Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) ou Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL) e se o regime de recolhimento de impostos será progressivo ou regressivo.

"Apesar de ser um produto financeiro, os fundos de previdência têm incentivos fiscais e também a possibilidade de migração para outros fundos após um prazo de carência, sem pagar imposto de renda", diz Alexandre Melo, analista de produtos da Ágora Investimentos. Contudo, existem muitas opções de fundos previdenciários disponíveis, cada uma com suas próprias características. Para não errar na escolha, o investidor tem que estar atento a uma série de fatores.

A seguradora é confiável? Um fundo de previdência é o tipo de investimento pensado para o longo prazo, ou seja, o investidor não deve mexer no dinheiro por um período mínimo de seis anos. Por isso, é importante que o contratante saiba se a seguradora responsável pelo fundo é sólida, para caso ocorra alguma intercorrência com a aplicação.

"Previdência é uma contratação de um plano de aposentadoria privada, que está sob a responsabilidade de uma seguradora, que pode distribuir esses produtos por meio de instituições financeiras", diz Tiago Pessotti, estrategista chefe da Apx Investimentos. "Então a dica é: entenda qual é a seguradora que está por trás do fundo, porque é essa empresa que vai te pagar o 'benefício' lá na frente."

Entenda seu perfil de risco. Como qualquer produto financeiro, os fundos de previdência possuem diferentes níveis de risco. Os fundos de renda fixa são os mais conservadores, já que estão menos expostos à volatilidade. Por isso, entregam rendimentos menores.

Os fundos multimercados e os de ações conseguem rentabilidades maiores, mas estão mais expostos a riscos. A escolha varia de acordo com o perfil do investidor.

Tem taxa de carregamento? Caia fora Os fundos de previdência podem ter três tipos de taxas: administração, performance e de carregamento. Esta é considerada uma das 'armadilhas' da previdência privada e incide sobre os aportes antes mesmo que eles 'cheguem' à aplicação. Dessa forma, uma parcela do dinheiro é recolhido assim que o investidor transfere para o produto financeiro.

Atualmente, a taxa de carregamento já foi abolida por boa parte dos fundos de previdência. "Essa porcentagem reduzia muito a rentabilidade do investidor, então deixou de ser praticada por boa parte do mercado, isso a gente nem discute", diz Pessoti.

Quando as taxas estão caras? Para entender se a taxa de administração do seu fundo de previdência está cara ou dentro dos limites aceitáveis, primeiro é preciso entender o tipo de aplicação que você escolheu.

Caso seja um fundo de renda fixa, em que a rentabilidade é menor, a taxa de administração deve ser de, no máximo, 0,75% ao ano. "A renda fixa dá menos trabalho para gerir e uma taxa muito alta pode engolir a rentabilidade", alerta Pessoti. "Se forem estratégias muito passivas, o mercado já trabalha com isenção de tarifa."

 Nas estratégias de ações e de multimercados, as taxas de administração serão naturalmente maiores, até porque as rentabilidades são mais altas e o gestor tem mais trabalho, já que deve lidar com volatilidade. "O investidor precisa olhar para os rendimentos, porque por vezes pagar uma taxa de administração maior, também significa retornos maiores", afirma o chefe da Apx Investimentos.

Chegou a hora do resgate. No momento do resgate, o investidor tem duas escolhas: receber de forma integral o montante ou transformar os recursos em renda de forma vitalícia (conversível para familiares ou não) ou por período estabelecido.

"Se o investidor optar por receber de forma vitalícia, não conversível, e vir a falecer, o dinheiro fica todo para a seguradora", diz Melo. "No entanto, caso seja conversível, o montante fica para o familiar escolhido, mas o dinheiro a receber é reduzido porque o risco para a seguradora aumenta. Por exemplo, o familiar pode ser mais jovem que o investidor e, assim, ter mais tempo de remuneração."

0,75%

AO ANO É A TAXA MÁXIMA NUM FUNDO DE RENDA FIXA