O globo, n. 31925, 02/01/2021. País, p. 4

 

Ações a curto prazo

Guilherme Caetano

Manoel Ventura

Bernardo Mello

02/01/2021

 

 

Prefeitos defendem união contra pandemia e crise econômica

Eduardo Paes e Bruno Covas são empossados nas Câmaras de Rio e São Paulo. Cerimônias tiveram poucos convidados, distanciamento social e uso de máscaras. Em Belo Horizonte, Alexandre Kalil assumiu seu segundo mandato por videoconferência, modelo adotado em várias outras cidades. Internado com Covid numa UTI, Maguito Vilela tomou posse da prefeitura de Goiânia por meio de um documento eletrônico.

Em um ano que se inicia com patamar ainda elevado de casos da Covid-19, a posse de prefeitos pelo Brasil foi marcada, ontem, por discursos de combate à pandemia e pela preocupação com seu impacto econômico e social. Em capitais como Rio, São Paulo, Fortaleza e Salvador, os prefeitos empossados defenderam a vacinação e citaram, como prioridades, a abertura de leitos hospitalares e a retomada da economia. Em Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre, os eleitos também pregaram a necessidade do diálogo e respeito às diferenças. O prefeito reeleito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), afirmou no discurso de posse que a pandemia "exige união", e que o "vírus do ódio e da intolerância precisa ser banido". Covas disse ainda que a capital paulista "está pronta para vacinar em massa". — Política não é terreno para intolerância e lacradores

De redes sociais. Política é a arte de fazer junto, de construir pontes para o futuro, de superar a divergência cega dos que acreditam que a solução virá dos extremos —declarou Covas.

Além de citara abertura de leitos para Covid-19 como "prioridade urgente" e o trabalho para o retorno seguro das aulas na rede municipal, Covas disse que sua administração precisará "diminuir as desigualdades sociais". O prefeito, que terá orçamento mais enxuto— R $67,5 bilhões ,2% amenos queno ano passado — e maior oposição na Câmara de Vereadores, inicia o mandato sob críticas após sancionar um aumento de 46% do próprio salário. Por outro lado, o ano começa com medidas de redução de gastos, como a redução de 10% no número de servidores em cargos comissionados, além de renegociação de contratos, convênios e parcerias. Assim como Covas, os prefeitos empossados em Fortaleza, Sarto Nogueira (PDT), e Salvador, Bruno Reis (DEM), falaram em garantir a vacinação contra a Covid-19 em seus municípios. Reis afirmou que a capital baiana estará "na linha de frente" da imunização. Sarto disse que "não há tempo nem espaço para negacionismo".

 "CIDADE DE TODOS"

No Recife, o prefeito João Campos (PSB) também citou a vacinação como prioridade, afirmou que o momento pede "maturidade" e "unidade de propostas construídas com debate". Campos enfrentou na eleição uma disputa familiar acirrada com a prima, a deputada federal Marília Arraes (PT), envolvendo ataques mútuos.

Já o prefeito reeleito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), apelou à união e ao respeito às diferenças no discurso de posse, feito por videoconferência devido a precauções sanitárias. Kalil afirmou que a capital mineira será "uma cidade de todos, de LGBTs, de cristãos, de evangélicos, de negros" e declarou, numa referência indireta à pandemia, que "estamos no mesmo barco". Sebastião Melo (MDB), prefeito empossado em Porto Alegre, pediu um trabalho conjunto entre diferentes instâncias de governo para enfrentar a pandemia e também garantir a recuperação póscrise gerada pela Covid-19. — A cidade vive um momento de grande depressão, perdemos muitos empregos. É preciso equilibrar o desenvolvimento econômico com proteção social — afirmou.

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Com Covid, prefeito de Goiânia toma posse no hospital

Daniel Gullino

02/01/2021

 

 

Maguito Vilela (MDB) está numa UTI em São Paulo e assumiu por meio de assinatura eletrônica para em seguida pedir licença

Internado há mais de dois meses por complicações da Covid-19, o prefeito de Goiânia, Maguito Vilela (MDB), tomou posse ontem por meio de um documento assinado eletronicamente. O vice-prefeito, Rogério Cruz (Republicanos), compareceu ao evento presencial e se disse um "fiel soldado" do titular da chapa. Um pedido de licença de Maguito deverá ser enviado para a Câmara de Vereadores. Maguito está internado em um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Ele deu entrada no hospital em 22 de outubro. Boletim médico divulgado no dia 23 de dezembro informou que ele estava com "quadro estável" e com "sedação leve", com "longos períodos de despertar".

Ele esteve internado durante todo o segundo turno e não pôde fazer campanha, mas mesmo assim teve 52,5% dos votos válidos, contra 47,5% do senador Vanderlan Cardoso (PSD). Também tomaram posse ontem os 35 vereadores da capital. O vereador Léo José (PTB) participou por videoconferência porque está com Covid-19. A sessão foi conduzida pelo vereador Isaías Ribeiro (Republicanos), o mais votado nas últimas eleições. —Foi protocolada, junto à Câmara Municipal de Goiânia, pelo prefeito eleito, Luiz Alberto Maguito Vilela, petição comprovando o seu estado de saúde, o qual o impossibilita de participar presentemente dessa sessão solene. Por isso, foi também solicitada a sua participação de forma remota —relatou Isaías Ribeiro.

Em seu discurso, Rogério Cruz afirmou que o prefeito está "se recuperando bravamente": —Hoje tenho uma imensa responsabilidade de estar aqui diante de todos vocês representando nosso prefeito e amigo Maguito Vilela, que graças a Deus e ao excelente trabalho dos médicos vem se recuperando bravamente e logo estará conosco. Já disse e repito: sou fiel soldado do prefeito Maguito e, juntos, cumpriremos nossa missão em retribuição à confiança de nossos cidadãos para fazer uma Goiânia a cada dia melhor.

Maguito já foi governador (1995-1998) e senador (1999-2007) de Goiás, além de deputado estadual, deputado federal e vicegovernador. Rogério Cruz, por sua vez, foi vereador por dois mandatos.

A posse de Maguito marcou também a despedida do ex-prefeito Iris Rezende (MDB). Terminando seu quarto mandato (não consecutivo) na prefeitura, Iris preferiu não buscar a reeleição e também não se envolveu na disputa. Ele também já foi governador por duas vezes, senador e ministro.